Este mundo não é a nossa Pátria; é uma terra estrangeira onde vivemos
escravizados. Isto di-lo Jesus Ele próprio e através de todos aqueles que um
dia por Ele se apaixonaram. Foi isto que aconteceu comigo também, conforme a
mensagem seguinte documenta. Mas atenção sempre: a nossa verdadeira Pátria não
é num qualquer céu, depois da morte; ela virá ter connosco, aqui mesmo.
As minhas sensações relativas ao Reino dos Céus são todas fugidias. O
que domina mesmo o meu dia é a sensação de aridez universal, que atinge as mais
perdidas ilhas do Planeta Azul. Não corresponde em nada a minha vida quotidiana
à vida no Reino que sonho e que venho descrevendo nestas páginas.
É verdade, pois, que só vivo o Reino de Deus em sonhos dispersos, em
alguns momentos fugidios da minha rotina diária. Mas há um espantoso milagre
nestes sonhos leves e dispersos: eles mudaram o meu coração e abriram nele uns
olhos que tudo passaram a ver também mudado. E esta nova visão foi-se
acrescentando com uma rapidez e com uma coerência impressionantes.
Ultrapassando absurdos lógicos e fronteiras inacessíveis, o Mundo que assim se
me foi desvendando adquiriu uma Unidade e uma Harmonia que nenhuma força deste
mundo jamais conseguirá desagregar.
Mas o Milagre maior é que esta cavalgada para o Desconhecido derrubando
absurdos e fronteiras proibidas não se dirigiu para as regiões da
Transcendência apenas, mas parece-me agora que ela avançou sobretudo em
progressão imparável sobre as impossibilidades todas que este mundo havia
levantado e selado como definitivas. E tudo ficou agora tão luminoso e óbvio!…
Por isso Jesus me perguntou se não me sinto, com Ele, Vencedor.
…
Estou cansado de ter feito o almoço para várias pessoas de família, de
ter que arrumar tudo no fim, de ter continuado a arrumar a casa toda, de ter
andado à volta do carro a ajudar o meu genro na reparação de uma avaria… Estou
irritado com esta vida assim, que me tira todo o espaço do coração para outra
coisa que não seja para lidar e curtir esta irritação.
Preciso, pois, deste tempo em que escrevo para me religar ao Céu. Eu sei
que também naquela irritação o Céu não me abandonou, mas a sensação é a de que
não sobrou nenhum espaço para ele, durante estas horas. Nem agora ainda estou
ouvindo qualquer Voz do Céu. Pelos Sinais numéricos, é Maria que está mais
próxima de mim, agora. Mas todo o meu espaço interior está ainda povoado com a
complicação da Cidade. E é nestas ocasiões que mais intensamente sinto o medo
de perder a verdadeira Vida, juntamente com a consciência de que não tenho
mesmo nada neste mundo que me possa já seduzir e dar tranquilidade ao meu
coração. (Dl 29, 23/10/04)
Lançando uma luz cada vez mais intensa sobre este tema, há aqui vários textos. Estes, por exemplo: 118 (Junho 2010), 240 (Novembro 2010), 346 (Março 2011) …
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