Jesus apontou um dia aos Apóstolos a forma de governo das nações e
disse-lhes: entre vós não será assim. Mas as igrejas parece nunca terem ouvido
este verdadeiro Mandamento do Mestre e organizaram-se exactamente à maneira das
nações deste mundo: mais ou menos visível, em todas elas há uma pirâmide hierárquica,
através da qual elas exercem o seu poder sobre o respectivo “rebanho”. Um poder
igualzinho ao deste mundo, que tudo determina, tudo controla, tudo manda. De
cima para baixo sempre. É este o tema da mensagem seguinte.
Arde em mim a visão de uma Igreja diversa e una por força justamente da
Diversidade. Esta característica é tão natural e nuclear na Igreja de Jesus,
que a sua rejeição trouxe como consequência, não a Ordem, mas uma catastrófica,
imparável Divisão. É cruel o espectáculo que se desenrola agora diante dos meus
olhos: o Pecado deu força aos mais gananciosos e mais astutos, tornando-os
senhores de todos os outros; estes, por sua vez, por não poder cada um ser deus
sozinho, juntaram-se numa solidariedade provisória para fortalecerem o seu
poder: sobre eles, porém, de novo os mais ambiciosos e espertos criaram um
degrau mais alto, sucessivamente assim, na pirâmide do poder; cada um destes
degraus, porém, controlado pelo degrau superior que lhe exige obediência, mais
apertado cerco monta ao degrau inferior, para que este, obedecendo-lhe
prontamente, mais fácil lhe torne a obediência ao degrau superior…
Horrorosa, esta visão! Tão horrorosa, que diríamos não corresponder
minimamente à verdade. Mas é tão intensa e clara esta visão, que não consigo
sequer exprimir todo o horror que ela me impõe: as pessoas vivem todas
revoltadas pela permanente e progressiva mutilação a que estão sujeitas e pela
constante opressão dos degraus superiores que lhes não permitem libertar-se.
Deste modo, cansadas da luta por se libertarem, asfixiadas nas suas ânsias mais
genuínas, vão-se resignando, perdendo progressivamente a consciência da sua
dignidade. Agarram-se então, para sobreviverem, ao único Projecto que conhecem:
a “Obra do Homem”. Lançam-se todos então na sua edificação, esgotando-se e
mutilando-se cada vez mais.
O mundo está uniformizado. Mas destruído! (Dl 28, 26/9/04)
Veja também o texto 332 (Fevereiro 2011)
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