O “Cântico
dos Cânticos” é o mais estranho livro da Bíblia. Tão estranho, que é legítima a
pergunta como pôde ter sido ele incluído entre os Livros Sagrados. Tão estranho,
que sistematicamente a Sinagoga e a Igreja tudo fizeram para o transformar em
puro símbolo ou alegoria do amor espiritual. Ora tudo quanto lá está é de uma
sensualidade arrebatadora. O amor de que ali se fala é retintamente físico e
encantador. Basta ler sem preconceitos. Foi assim, descondicionado, que Jesus me
levou a lê-lo e o resultado foi esta mensagem:
Não vejo, em todas as Profecias que conheço, as da Bíblia e todas as
posteriores até hoje, tão vasta e tão explícita importância dada ao Pó da Terra
como nesta que venho gravando. A excepção encontro-a apenas no Cântico dos
Cânticos, que mesmo assim julgo que toda a Teologia considera sobretudo como
uma metáfora do Amor espiritual, apenas.
Eu, porém, desde que escrevo, sempre vi neste belíssimo Poema um ardente
Hino ao Amor sensual. Ele revela a paixão sensual de Deus pela Sua Criação, que
é vista como uma Esposa do mesmo modo sensualmente enamorada pelo seu Criador.
É, todo ele, um Cântico ao Pó da Terra como condensação de todo o mundo físico
em que Deus infundiu o Seu Espírito, visualizando já o carinho com que o moldou
com as Suas Mãos em figura humana e Se lhe uniu num surpreendente acto de Amor.
E exprime mais ainda este Poema, mesmo colocado no Antigo Testamento, a Paixão
louca de Deus por este Barro, que O levou a abraçá-lo e a dar a vida por ele.
Ora o Barro não pode amar senão sensualmente… (Dl 29, 17/10/04)
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