O
momento em que, depois da paixão arrebatadora do início, começamos a descobrir
os defeitos do nosso enamorado, constitui aquilo que costumamos chamar “a hora
da verdade”, isto é, ou aceitamos o outro com os seus defeitos, ou acaba ali a paixão.
Vamos ver, na mensagem seguinte, como lida Deus com esse crucial momento.
Insisto muito, a pedido de Jesus, em que o Reino de Deus não é um lugar
para onde só se possa ir depois da morte; o Reino do Amor não ficou lá longe à
nossa espera, mas desceu até nós para se realizar aqui e agora. Para fazer
parte deste Reino nem sequer é preciso eliminarmos os nossos defeitos: depois
que Deus aqui desceu não há miséria nossa que possa ser obstáculo à entrada plena
do Amor; pelo contrário, são exactamente as nossas mais profundas deficiências
que enlouquecem de ternura por nós o nosso Deus. Não é preciso, pois,
desfazermo-nos desta Carne degradada para fazermos parte, em plenitude, do
Reino do Amor.
Espero que isto que acabo de escrever seja dentro em breve manifesto aos
próprios olhos incrédulos. Veremos então até os mais graves defeitos das
pessoas tornarem-se fontes de Luz e de Unidade. Isto acontecerá quando a Igreja
tiver nascido depois da sua grande Apostasia. Recordemos o que se passou quando
a Igreja nasceu pela primeira vez. Não eram aqueles primeiros amigos de Jesus
perfeitos no Amor? Não eram eles “um só coração e uma só alma”? E quem poderá
afirmar que eles deixaram de ter defeitos. Claramente, pois, o que aconteceu
foi que os defeitos deixaram de ser obstáculo ao Amor.
Nós temos um vislumbre desta situação quando nos apaixonamos: o nosso
enamorado não deixou deter os defeitos que todos lhe reconhecem, mas eles
milagrosamente desapareceram do horizonte do nosso olhar ou, quando aparecem,
mais excitam a nossa ternura e tornam mais ardente o nosso amor. Assim será na
Igreja: os amigos de Jesus amar-se-ão mutuamente como verdadeiros apaixonados.
E Jesus e Maria serão a Fonte permanente dessa paixão. (Dl 28, 25/9/04)
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