Mas eu rodeio o meu Mestre, agarro-me àquilo que posso para não O perder, continuo a ocupar com Ele todas as horas que a Cidade me deixa livres. E continuo a esperar tudo do caminho que estou seguindo. Acredito com a mesma Fé em que tudo aquilo que escrevo se vai realizar no tempo oportuno, segundo os Desígnios do Pai do Céu que eu, obviamente, não conheço. Sobretudo me violento cada vez menos e estou convencido, no coração, de que este é o caminho certo para poder suportar toda a violência que a Grande Batalha, já tão próxima, me vier a impor.
Causa-me ainda alguma apreensão este progressivo abandono aos impulsos interiores, aos Sinais que, como acabo de declarar, me parecem cada vez menos vivos. Tenho ainda receio, às vezes, de que isto possa ser a manifestação de um gradual desleixo interior em que me tenha deixado cair. Mas na mesma proporção toma conta de mim, a par da visão da minha incapacidade, o desejo de me entregar completamente nas Mãos de Deus. E isto traduz-se num estado de espírito muito claro, que a mim próprio me surpreende: tudo quanto eu tiver que fazer tem que ser Deus a levar-me a fazê-lo através de qualquer meio que igualmente Ele próprio terá que escolher.
Todo o meu percurso veio dar aqui e aqui estou agora. Ponho-me, por exemplo, muito atento aos acontecimentos, quer a nível familiar, quer a nível profissional, e muito raramente interfiro neles; antes os aceito, os agradáveis e os desagradáveis, e de coração expectante me interrogo o que irá Deus fazer com eles. Estou largando da mão, sem o mínimo constrangimento, antes com um secreto entusiasmo, qualquer protagonismo. Sou como alguém que, pasmado, assiste ao trabalho de um artista que de repente lhe chamou a atenção e o seduziu com a sua arte. Mas a situação ganha, neste caso, um interesse especial e proporções inesperadas, porque a Obra é em mim que está acontecendo e o Artista é o próprio Deus, o mesmo Artista que criou os mundos e toda a energia e beleza que eles contêm!
É assim que, abandonado mesmo a este frágil ouvido, eu vou procurar o próximo toque do Artista em “Malaquias três, um…e dois…e três” que logo no início deste texto ouvi.
São 7:47!
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