− Responde-me Tu, Mestre, aí desse lugar onde Te encontras, tão escondido que Te não sinto…
− O nosso Deserto não consiste em as pessoas se não sentirem umas às outras?
− Que faz então aqui a Fé, se não nos consegue arrancar daqui?
− Que disseste ontem à tua filha quando ela se te apresentou com a Alma devastada por causa de um fracasso num exame?
− Disse-lhe uma coisa que julgo não ter conseguido consolá-la: que é com o que nos acontece, bom ou mau, que se há-de construir a nossa vida; que todo o fracasso pode ser assim transformado num bem.
− E porque é que achas que não conseguiste consolá-la?
− Porque é muito difícil aceitar um absurdo destes: dum mal não pode nunca sair um bem − é assim que toda a gente vê.
− E esperas que ela veja o que ninguém vê?
− Espero.
− Como, se ela mostrou ficar apenas aliviada com a conversa, mas não entendeu o alcance do que lhe disseste?
− Ela diz que não suporta a mediocridade.
− Sim. E…?
− E vi nisso um bom sinal: a mediocridade está no que toda a gente vê; se ela se afastar daí, pode então voltar-se para o impossível, onde está aquilo que ninguém vê, aquilo que não é deste mundo. É aí que se situa o Teu Reino.
− Que fez a tua Fé, neste caso?
− Se não desbravou, pelo menos manteve abertos os caminhos do Impossível, onde a minha filha se irá encontrar Contigo.
− Diz-Me agora então o que está fazendo a tua Fé deste momento em que só a devastação te rodeia.
− Está fazendo desta devastação um tempo fecundo.
− Em que medida?
− Na medida em que lhe não fujo e a estou aceitando, assumindo-a assim nas minhas entranhas.
− E que faz ela assim dentro de ti?
− Fica fazendo parte do meu corpo. Quando ele ressuscitar, toda a extensão devastada se tornará um vivo e colorido Jardim.
− Olha: que te diziam os Sinais do início?
− Que a minha Rainha abençoaria o que eu escrevesse.
São 6:56!
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