É tão raro aparecer-me o Sinal da Igreja, que sempre me percorre um expectante alvoroço quando o vejo entre os outros Sinais. Não sei porque é tão raro o aparecimento daquele Sinal, uma vez que ele tem à partida tantas possibilidades de aparecer como o 13 ou o 14, por exemplo, e estes ocorrem muitíssimas vezes. Surge no entanto agora em mim um motivo, vindo do coração: importa nesta altura enunciar apenas os Princípios em que deverá ser refundada a Igreja de Jesus; viver em plenitude esta Refundação será depois, no tempo oportuno, um tempo de violentas convulsões e de prodígios nunca vistos, umas e outros comandados pelas rédeas infalíveis do Espírito, que Ele próprio entregará às mãos leves da Rainha do Céu.
E mais uma vez está acontecendo em mim aqui e agora o futuro. Não consigo medir, é claro, nem a natureza, nem a variedade, nem a amplitude das convulsões ou dos prodígios. Mas já tudo sinto na sua realidade inevitável e ardem-me as entranhas na perspectiva de vir a testemunhar a realização visível do que já escondido se está formando no Silêncio em que avança o Plano de Deus.
É esta realidade escondida que me percorre já o corpo fragilizado em extremo pela longa caminhada no Deserto. Eu sou ao mesmo tempo a mãe esgotada da longa gravidez e o filho que transporta no ventre, maduro de força e vitalidade, pronto já para nascer. E sinto, na extrema fragilidade da minha carne em que só o cansaço e as dores sobressaem, este meu Filho, na proporção inversa, ansiando por se libertar de mim, em toda a pujança de um início espectacular, preparado na escuridão silenciosa do útero.
Mas ambos os processos desta gravidez, o da mãe esgotando-se e o do Filho avançando imparável para a Hora do Nascimento, foram comandados a partir de dentro, por um misterioso Poder, cujas leis só ele próprio conhece e executa com incrível determinação, com inexplicável lucidez. Costumo chamar a este Poder Espírito Santo, mas estou vendo-O agora também como o Coração. O Coração do meu Amigo Jesus. O Espírito é a própria Fúria palpitante do Coração de Jesus, responsável ao mesmo tempo pelo esgotamento da mãe e pela força espectacular do Filho.
Este Filho estou-o vendo inesperadamente como a Igreja de Jesus. Tão una, tão harmoniosa, que me parece ver nela um corpo apenas, inocente e muito vivo, como se fosse o próprio Corpo de Jesus!
− Meu querido Mestre, se esta frieza em que escrevo for culpável, lava-me da culpa, mas conserva o que escrevi, enchendo-o da Tua Luz. Os simples entenderão. Não deixes que quaisquer leis venham a governar, no futuro, a Tua Igreja, a não ser as Leis do Teu Coração. Ámen.
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