Agarro-me, de facto, a qualquer pequeno elemento que me possa transportar para o Reino da minha Rainha e do meu Rei, tais são as saudades que dele tenho e a ânsia de lá voltar. Creio, pois, que Deus não pode senão abençoar esta minha tentativa tão persistente, tão dolorosa, de O encontrar. E tão ternamente deve olhar para nós quando nos vê assim tão frágeis, tão indefesos e tão persistentes, que fará de tudo aquilo a que nos agarramos sólido degrau para avançarmos com segurança, mesmo que para isso tenha que aproximar dois degraus que por natureza estavam muito afastados.
Assim neste caso. Eu perguntava-me que sentido teria ser Testemunha da Senhora e estar Ela assim há tanto tempo calada frente à minha ânsia de convívio com o Seu Encanto e esta minha interrogação é certamente um degrau a que me estava apoiando para continuar a caminhar no Mistério de Deus. Porque me apareceu, num contexto destes, aquela citação? Se também a ela me agarrei, também ela é sem dúvida um degrau para subir no Mistério. Que relação haverá entre os dois degraus? É o que vou tentar saber. Em
Mc 9, 16 |
leio assim
“Ele inquiriu: Que estais a discutir uns com os outros?”.
− Deixa os outros. Tu que pensas?
− Penso que o caminho por onde me vais conduzir é um caminho perfeito.
− Não será artificial?
− Não sei: será perfeito, porque será o caminho do Amor.
− Não será forçado?
− Não sei: às vezes, para sairmos da nossa lógica, é preciso forçar e não raras vezes dói muito. De qualquer forma, o caminho que seguires será sempre o do Amor e o Amor é o que há de mais natural ao nosso ser de criaturas e filhos de Deus.
− Vamos, então?
− Vamos, Mestre.
− Em que contexto se insere aquele versículo?
− No meio de uma grande multidão, uns escribas discutiam com os Teus discípulos por eles terem tentado curar um endemoninhado e não terem conseguido.
− E onde estava Eu?
− Tu acabavas de chegar do Tabor, onde tinha acontecido a Transfiguração.
− Eu estava então ausente enquanto aquela discussão ocorria!?
− Estavas.
− Se estivesse presente, ter-se-ia dado a mesma discussão?
− Discussão poderia haver, mas não pelos mesmos motivos: eles discutiam por não ter sido possível a cura e, se estivesses presente, o enfermo teria com certeza sido curado.
− Porque não puderam os Meus discípulos curar o doente?
− Porque não tinha para eles chegado ainda a hora.
− Acabou por chegar para todos eles a hora de curar?
− Não sei. Curar é um Dom especial que nem a todos é concedido.
− Houve então, por parte dos Meus discípulos, uma precipitação!?
− Sim: eles parece terem presumido demais das suas forças; eles não esperaram pelo Teu Dom.
− Adveio para os Meus discípulos daquela discussão algum ensinamento?
− Veio, por certo.
− Qual, por exemplo?
− Que sem Ti nada podiam fazer.
− Mais algum?
− Também poderiam ter aprendido que proceder precipitadamente, sem uma sólida Fé em Ti, traz como consequência a discórdia.
− Porque não concede então o Pai do Céu os Seus Dons de uma vez, mas espera uma determinada hora para os conceder?
− Porque nós somos vida e a vida não faz aparecer os ramos e as folhas e os frutos antes que se forme e cresça o tronco.
− Então agora diz-Me: ser testemunha da Rainha do Céu é um Dom?
− Claro que é! Um Dom enorme.
− É assim como o fruto de uma árvore?
− Sim, é um Dom que saciará muitos corações.
− Assim à maneira de quem cura muitas doenças?
− Sim: a grande doença da Humanidade é a falta de Ternura nos corações, por não conhecer a sua Mãe.
− E querias saciar os corações com tão necessário fruto antes que viesse a flor e as folhas e os ramos e o tronco?
− Isso que me estás agora dizendo não é bom que fique escrito?
− Sim, escreve-o: aquela discussão acontecia enquanto Eu mostrava a outros Meus discípulos o Meu Poder escondido.
− Que desapareceu para se mostrar mais tarde de novo, de forma definitiva!?
− Sim, era preciso que primeiro crescesse a árvore. Entendes agora porque parece desaparecida a tua Mãe?
− Sim, Mestre. Os Teus caminhos são perfeitos!
São 6:52!
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