Em tudo o que me acontece eu sondo a Vontade do Senhor. E tremo, por vezes, sempre que admito ou apenas duvido se alguma coisa em mim O possa ter magoado. Foi assim neste caso. Eu não deveria ter ido à Missa? Este bloqueio frente a esta possível escolha não podia ter sido obra de Satanás? Não devo estar eu onde estão os meus irmãos, aqui também portanto, nos rotineiros ritos e cerimónias? Mais pertinente ainda, surge a interrogação: não me estou eu assim a privar do Corpo do Senhor, do Seu Corpo físico que, segundo a minha Fé, só na Missa me pode ser dado, porque só aí o pão é transubstanciado?
É às apalpadelas que caminho, são muito frágeis os indícios e Sinais a que me agarro no meu avanço, mas sinto haver uma imensa Ternura no Coração do meu Deus justamente por me ver assim tacteando na teimosa escuridão em que me movo. É por isso que este caminho da Fé é o mais seguro, conforme me tem dito muitas vezes o Mestre, a consolar-me. É que, quanto mais frágeis nos vê, mais se enternece por nós o Seu Coração. E a Ternura do nosso Deus estão-na proclamando cada vez com mais insistência estas páginas como a Força que nos libertará da nossa escravidão agora por ocasião do Seu Regresso. Quanto mais não guiará de forma segura e infalível aquele que vê na escuridão, às apalpadelas, tentando chegar à Luz! Que pai ou que mãe deixariam correr algum perigo a um filho pequenino que vissem assim tenso, gatinhando, ao seu encontro? E para além deste cuidado em que nenhum mal lhe aconteça, não arderão estes pais na ânsia de levantar o filho pequenino, de o abraçar, de o cobrir de beijos, vencidos pelo seu encanto? Sinto o nosso Pai assim. E também a nossa Mãe.
Porque em nós Eles vêem Jesus. Jesus assim frágil, tenso, por entre sustos rasgando as trevas, pequenininho, gatinhando. E estão resistindo quanto podem em vir buscá-lo para o apertarem contra o Coração na plena Luz.
Mas não vêm. Não vêm ainda buscar-me, os meus Pais. Porque é necessário que muitos contemplem, como Eles, a pura fragilidade avançando na direcção certa e olhando nessa direcção de tal maneira se deixem vencer pela Ternura dos seus Pais que desejem ser assim crianças…
Eu vou na direcção certa – sinto eu agora, intensamente. E porquê? Justamente porque, como criança agora renascida, perdi toda a consciência do peso institucional que no homem velho me amarrava e oprimia. Como criança, eu só tenho agora uma Lei: crescer no Amor dos meus Pais. Assim, por entre quedas e sustos, invade-me uma segurança que nada tem a ver com a antiga segurança das normas e leis e dogmas… É impressionante como eu abandonei tudo isto, eu que, embora sempre tentando espreitar para lá destes muros, sempre fui um homem cumpridor! É esta uma sensação toda nova – eu sou, em verdade, um outro ser, recém-nascido, descobrindo agora o mundo pela primeira vez! A terra é uma sedução permanente e o Olhar dos meus Pais é toda a minha segurança. Nada me é proibido; apenas sei que, se algum perigo me espreitar, a solicitude dos meus Pais o manterá à distância. Renascer é maravilhoso!
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