29/4/97 – 3:27
Mas aquela imagem ao acordar tem para mim um significado especial, porque escreve em algarismos o meu nome: 27 significa Salomão, o Pacífico, ou a Testemunha da Paz. E o algarismo 3 diz que a Paz que eu venho testemunhar é a que nasce e conduz ao Mistério de Deus…
– Onde estás, Mestre, que tanta dificuldade tenho em Te encontrar, hoje?
– Tenho estado na própria dificuldade que sentes.
– Como se ela fosse a Cruz em que Te encontras?
– Sim. Onde há um sofrimento por Meu amor, nele estou Eu curando as chagas do mundo.
– Leve sofrimento é este, comparado com o Teu, naquela noite, naquele dia todo até que expiraste, naqueles dias em que passaste pelos Infernos.
– Estão vindo já ao teu encontro sofrimentos maiores. Mas a bitola com que meço o sofrimento não é a vossa. Todo o sofrimento que se juntar à Minha Cruz tem o valor da Minha Cruz.
– E como se junta o nosso sofrimento ao Teu?
– Tu sabes a resposta.
– Sei, mas surpreende-me, Mestre. Reaviva em mim novas zonas do Teu Conhecimento.
– Escreve então primeiro a resposta que sabes.
– Junta-se o nosso sofrimento ao Teu amando-Te.
– E como se mede o amor?
– Pela intensidade da dor?
– E nos momentos em que se olha o amigo, embasbacado de encanto, é o amor menos forte do que quando se sofre por ele?
– Não Te sei dizer, Mestre. É natural que esse momento de encanto tenha nascido da dor.
– E o que leva alguém a sofrer pelo amigo?
– Os momentos de encanto que com ele passou.
– Consegues separar os dois momentos?
– Parece que sim, que é possível: o momento do encanto não tem dor e o momento da dor não tem encanto.
– E apesar disso são amor os dois momentos?
– Que pergunta, Mestre!… São. Só Te posso responder que são, que são amor os dois momentos.
– Se assim é, a dor faz parte do amor?
– Outra pergunta difícil: se respondo que sim, é um absurdo: o amor puro é justamente o estado em que toda a dor desapareceu; se respondo que não, é outro absurdo: estaria a negar todo o valor do sofrimento, estaria considerando inútil a Tua Cruz.
– Donde nasce o sofrimento, sabes?
– De uma ferida no amor. É como um golpe num corpo são.
– Quem pode fazer isso? Como pode alguém ser levado a ferir?
– Só quem deixou de amar.
– E que fará aquele que foi ferido ao que deixou de amar?
– Se também ferir o seu irmão, ele ficará com duas feridas: a que já tinha por ter deixado de amar e aquela que agora lhe foi feita.
– E que aconteceu ao primeiro, àquele que pagou uma ferida com outra ferida?
– Ficou igualzinho ao segundo: ficou com a ferida que o outro lhe fez e mais com a ferida de ter deixado de amar.
– E assim, ambos com duas feridas, o que vai acontecer depois?
– Assim, de amor duplamente ferido, mais facilmente passarão a fazer um ao outro novas feridas e se tornarão fonte de sofrimento para outros e estes para outros ainda…… é uma progressão em cadeia, em avalanche.
– E como se consegue desatar a cadeia, travar e desfazer a avalanche?
– Perguntas como se conseguem curar as feridas no amor, as feridas todas, até à primeira?
– Sim, é disso que se trata, não? De que serviria curar aqui uma ferida, se a avalanche continuasse a rolar?
– Ah! Foi neste assunto que estiveste magicando durante trinta anos – como suster e desfazer a avalanche do sofrimento?
– Foi, sim, Meu frágil amigo. Durante os Meus trinta anos de vida anónima o Pai esteve-Me mostrando a verdadeira origem e natureza do sofrimento humano.
– E esteve-Te mostrando a solução?
– Esteve.
– E pediu-Te a Cruz!
– Pediu. Foi a única solução que Ele encontrou.
– Ele, o Omnisciente!
– Sim.
– Ele, o Amor Puro!
– Sim.
– E então o omnisciente e puro Amor criou em Ti o sofrimento que trava o Mal e lava o mundo!
– Sim.
– Ah! Por isso tem que ser perpétuo enquanto houver feridas!…
São 6:44!
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