Novamente o Sinal que me chama Profeta do Altíssimo! E se Profeta é aquele que clama no Deserto sem que ninguém pare para o ouvir, então eu tenho aqui a garantia de que sou um verdadeiro Profeta, cuja vaidade ou presunção de ser centro de atenções também por esta via lhe está sendo consumida pelo fogo desta dolorosa Espera.
Só me falta uma coisa para que o meu perfil de Profeta esteja completo - a perseguição: todos os Profetas foram invariavelmente perseguidos. E eu não tenho dúvida de que o serei quando finalmente a minha voz for ouvida. E vai sê-lo, necessariamente, porque toda a Palavra de Deus que desce à terra não regressa a Ele sem ter produzido o seu efeito, sem ter chegado ao fruto. Se este fruto não surgir, então também todos estes milhares de páginas serão apenas um grande monte de palha que um pequenino fósforo aceso fará desaparecer em instantes.
Diremos então que falta ainda tudo a este Profeta e a esta Profecia para o serem de verdade. Faltam-lhe ouvintes, falta-lhe a perseguição e faltam-lhe os frutos. E julgo que é isto precisamente que provoca na minha Alma estes momentos em que me sinto uma insignificância absoluta. Falta-me, de facto, tudo: não tenho ouvintes, não sou perseguido, estou muito longe de ver os frutos do que venho gravando nestas folhas tão frágeis. Só tenho mesmo, até agora, aquela primeira característica do Profeta: o pregar num absoluto Deserto.
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