19/12/01 - 4:46
Há quanto tempo já não abro a Bíblia! E não porque me não tivesse ocorrido voltar a ela, mas porque simplesmente ela se me mantém fechada todas as vezes que a tento abrir. Verdade é que não insisto: é por leves toques que o Espírito me guia e tenho receio de O forçar com a minha bruta lógica, ou apenas com a minha necessidade de alimento; só Ele sabe que tipo de alimento devo tomar cada dia e onde o devo eu ir buscar. Por isso espero longo tempo pelo Seu toque, às vezes tão leve, tão imperceptível como um pensamento vagabundo.
Quero com todas as minhas forças que seja exclusivamente o Espírito a guiar-me. Quero que seja Ele a conduzir assim a Igreja de Jesus: que nela cada membro obedeça apenas aos seus comandos interiores, onde o Espírito habita. Só deste modo será possível fazer a Unidade. Falei ontem mais demoradamente com um dos operários que trabalham na restauração da minha casa. Ele é testemunha de Jeová. Tenho com ele uma relação de grande proximidade, pelo seu desapego dos bens materiais, pela sua honestidade, pela sua maneira de ser, simples e bondosa. Por esta via, estamos unidos. Mas quando ele me começa a falar da Bíblia, não é possível entendermo-nos: ele não fala a partir dos seus comandos interiores, mas despeja sobre mim sempre o mesmo bloco doutrinal que nitidamente não se formou dentro dele, mas lhe foi implantado dentro por uma qualquer máquina fria e bruta que não teve consideração nenhuma pela sua individualidade. Ele não ouve; só despeja sempre aquilo, geometricamente recortado como certezas absolutas. Sinto que o Espírito não pode penetrar ali; só poderá, um dia, irromper bem dentro do seu coração a atirar com aquele bloco cúbico, disparado, contra um qualquer rochedo, desfazendo-o em poeira.
Por isso me levou o Espírito a não suportar doutrinas. E levou-me ao conhecimento de que só Ele, agindo nos corações, personaliza, fazendo a diferença e por isso mesmo a unidade. E levou-me a acreditar numa Igreja toda assim.
Guiada por Ele, exclusivamente!
Sinto-me, deste modo, estar sendo feito Testemunha e Sinal para toda a Igreja. Através de frequentes e duríssimas provas, Ele guiou-me até esta amorosa dependência dos Seus toques, o que é exactamente o contrário da minha prática antiga. Agora espero e antes avançava sem esperar, por minha conta e risco. Posso, pois, testemunhar, perante a Igreja, esta mudança radical e espero dentro em breve poder mostrar-lhe os seus frutos.
É assim que, mesmo quando me parece ilógico e absurdo, eu sigo aquilo que, neste clima de oração, me aparece no espírito. Foi o caso de hoje: quando tentei abrir a Bíblia, logo ao meu espírito se colaram estas palavras: “Deuteronómio quatro, nove”. São números repetidíssimos e julgo que este passo do Deuteronómio já me foi dado várias vezes. Mas eu não ouvi outra coisa e por isso vou lá de novo. E leio assim em
Dt 4, 9
“Toma, pois, cuidado contigo! Cuida, para tua salvação, de nunca esquecer o que viste com os teus olhos; que isto jamais saia do teu pensamento todos os dias da tua vida. Ensina-o aos teus filhos e aos filhos dos teus filhos”.
- Maria, conversa um pouco comigo, que já estou aqui há muito tempo ajoelhado, à espera de um incêndio no meu coração que tanto me tarda, tanto, tanto… Diz-me o que Jesus me quer com aquelas palavras.
- Não queres descansar agora, Meu pequenino companheiro?
- Sim, estou cansado do corpo e do espírito…
- Deita-te então. E vamos esperar tranquilamente pelo tempo de Deus.
São 7:23.
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