18/12/01 - 5:32
- Maria, se Tu não vieres em meu auxílio, eu vou escrever um texto sem interesse nenhum.
- Já viste a asneira que escreveste, não viste?
- Sim, e por isso fiquei magoado: dizer que nestas páginas podem cair palavras sem interesse nenhum está-me aparecendo agora, cada vez mais, como uma grave ofensa ao nosso Jesus, o Autor-fonte destas palavras.
- Às vezes parece não te lembrares de que vem de Deus o que gravas nestas páginas…
- Pois… Escrevo tão só, às vezes…tão abandonado a esta devastadora Ausência que me envolve…
- Meu querido menino!
- Porque me trataste assim? Foi o Teu impulso maternal que se sobrepôs?
- Foi a tua fragilidade que te fez muito pequenino… Não acontece isto mesmo com os enamorados?
- Sim: quando um deles aparece ao outro especialmente desprotegido, desperta nele um impulso protector e torna-se perante ele pequenino como uma criança. Então…espera!…
- Espero, sim, ansiosa por ouvir a tua descoberta. Que foi, agora?
- É a fragilidade em que o caminho de Jesus nos coloca que faz de nós crianças!
- Diz porquê.
- Porque ficamos sem nenhuma das armas do mundo, inteiramente indefesos perante ele. Tornamo-nos, em território de lobos, autênticos cordeirinhos.
- A chegada de Jesus aos corações desarma as pessoas?
- É isso mesmo! Toda a armadura que fomos colocando à volta de nós para nos defendermos, cai.
- E porque cai?
- Porque deixamos de ter inimigos.
- Acabaste de dizer que ficas rodeado de lobos. Os lobos não são inimigos?
- Os que não quiseram acompanhar-nos tornam-se mais ferozes, sim. Mas para nós deixaram de ser inimigos.
- Que são então?
- Nossos irmãos, filhos do mesmo Pai e da mesma Mãe.
- Mas podem matar, não podem?
- Podem e matam, de facto, muitas vezes: nós ficamos completamente indefesos perante eles.
- Indefesos como? E os Pais? São eles também assim tão frágeis que não possam defender-vos?
- Os nossos Pais só têm as armas que nós também passamos a ter: a sinceridade e a ingenuidade.
- Resume numa só palavra essas duas armas.
- A Verdade.
- É com a Verdade que os vossos Pais vos protegem quando renasceis?
- Exactamente.
- E que capacidade protectora tem a Verdade, se ela consiste em escancarar tudo perante os inimigos?
- Tem tanto poder, que faz dos nossos antigos companheiros lobos e pode provocar ondas de perseguições e mortes.
- Sendo assim, não admira que ninguém goste da Verdade…
- É preciso, de facto, renascer: os pequeninos gostam muito dela. A Verdade faz parte da sua natureza. Ao renascermos, nós somos Verdade.
- A Verdade não é Jesus?
- Justamente: ao renascermos, somos Jesus!
- Mais uma vez terás que responder àqueles que te perguntarão logo onde está, sendo assim, a personalidade individual de cada um.
- Está em ser Jesus! - assim respondo eu, mais adivinhando do que entendendo.
- Procura exprimir o que adivinhas… Tu respondeste com tanta determinação…
- Não é possível ser, senão em Deus, conforme está escrito em todos os Profetas. Ora, ao nascermos de Deus, também não é possível desprendermo-nos de Deus; nós nascemos em Deus-Gerado, que todos sabemos ser Jesus. Cada Filho que Deus gera é como se o próprio Jesus nascesse sempre de novo. Porque não é possível ser Filho senão no Filho. Pronto. Não sei dizer de outra maneira, Maria.
- Olha: vamos celebrar daqui a pouco o Nascimento de Jesus. Se todos aqueles que aceitaram ser Filhos de Deus só podem nascer em Jesus, de modo a poder dizer-se que eles são sempre de novo Jesus nascendo, não está na hora de, neste Natal, celebrarmos o nascimento de todos os Filhos de Deus?
- Ah, quem me dera!
- Porque falas assim? Parece-te isso impossível?
- É que, no Teu Reino, minha doce Rainha, celebrar é acontecer. Seria louco demais que já este Natal nascesse a Igreja que o Pai sonha e Tu esperas!…
São 8:30.
Sem comentários:
Enviar um comentário