16/12/01 - 1:33
É uma verdadeira proeza, sobretudo nas vigílias, romper a barreira dos pensamentos que me colam à Cidade, para penetrar na minha Alma, Santuário de Deus! Parece que tenho que escalar uma alta montanha ou vencer um exército. Os minutos fogem, às vezes passam horas, antes que me seja franqueada a porta do meu Silêncio interior. Sucede mesmo que depois de se terem aberto as portas da minha Alma a Cidade consegue fazer-me voltar fora, às suas ruas e ao seu complicado enredo.
Parece, de facto, que me acomete um exército inteiro sempre que empreendo o caminho para dentro de mim. Nunca me ocorreu, até agora, personificar estas amarras que me não deixam avançar, que conseguem até fazer-me recuar, depois de estar já no território do Mistério contemplando uma nova paisagem. A minha companheira Vassula fala em enxames de demónios a quem foi entregue pelo seu chefe apenas a irritante missão de perturbar, tentando prender e dispersar a atenção. Agora reparo que, sem dar conta, também eu falo várias vezes em pensamentos esvoaçantes, em milhentas vozes tentando sugar-me a atenção.
Estou agora recordando as palavras de Jesus quando afirma que Deus não cria abstracções. Na Criação tudo é vivo, concreto, individualizado. E tudo tem o seu lugar, o seu sentido e a sua missão. Mesmo depois da desarmonia que anjos e homens introduziram no Universo, Deus não perdeu o controle da máquina cósmica, nem sequer do processo trágico que o Pecado introduziu no pequenino planeta Terra. Tudo o que aqui acontece continua a ter um sentido e uma missão, porque Deus não desiste nunca de salvar o que está perdido. Mesmo, portanto, aquilo que nasceu para desarmonizar é acompanhado pelos Olhos de Deus e fatalmente irá reconstruir a Harmonia, à medida que o Livre Arbítrio dos homens Lho permite.
Assim, se eu entregar ao meu Senhor todo este tempo de vigília, tudo o que nele me acontece concorrerá para me conduzir à harmonia plena. Mas, como ficou escrito, nada me acontece por acidente: tudo se encontra sob um qualquer comando personalizado, tudo obedece a uma qualquer intenção benéfica ou maléfica, de alguém, seja homem, seja anjo, seja demónio, seja Deus. Posso, portanto, no caso destas tão insistentes divagações, nas vigílias, falar na presença actuante de demónios personalizados, tentando impedir-me o contacto com Deus, desviando-me a atenção para toda a sorte de pensamentos inúteis, prendendo-me a preocupações tantas vezes falsas, forjadas ou avolumadas artificialmente. Parece, de facto, haver uma nítida intencionalidade nesta permanente tentativa de obstrução do meu caminho para Deus.
Mas ninguém me julgue acossado, encolhido num canto, sempre de coração aflito, com medo dos demónios. Podem eles ser legião ou o exército inteiro do Inferno: desde que encontrei Jesus, todo o mal que me fazem só fará de mim um rochedo inamovível.
São 4:40!
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