— 11:19:29
É domingo e fui à Missa, aqui no Rossão. Os textos falavam de alimento para a Alma, de Jesus como Pão vivo descido do Céu. Foi como se aquelas palavras passassem rasando os meus ouvidos sem terem entrado, ou como se estivessem já dentro de mim, adormecidas ou insensibilizadas e por isso eu achasse supérfluas as que vinham de fora. Fui à Comunhão, depois de ter ouvido com atenção as palavras transubstanciadoras. Nem uma fibra do meu corpo vibrou ao receber o Pão vivo descido do Céu!
E eu, que creio com quanto coração tenho em que é o Corpo de Deus aquele pão transubstanciado, tenho muita pena desta minha indiferença, ou frieza, mas nada faço para alterar esta situação: continuo tranquilo e apenas espero que acorde em mim o tremendo e fascinante Mistério de que até já gravei sedutoras paisagens nestas páginas. Conforme o testemunho que deixei registado na vigília, prefiro correr o risco de chegar ao fim da minha vida terrena sem ter vivido de maneira correspondente este Mistério, a resignar-me a uma participação insensível nesta Comunhão ritualizada. Estou fazendo isto com todos os outros Mistérios: tento ouvir o que Jesus deles me quer mostrar, registo as palavras que contemplo, tantas vezes de coração reduzido a caneta que nada sente do que escreve, mas nada mais faço para viver aquilo que me foi dado. Por agora continuo correspondendo ao único desejo verdadeiramente vivo que me vem das profundezas da Alma: ouvir Deus e registar o que ouço; se nada mais desejar, só farei isto até à minha morte.
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