— 10:42:09
— Olá, Maria! Quando passo um dia sem dialogar Contigo, fico com a sensação de que já não conversamos há muitos dias. Diz-me porquê, diz!
— Isso são fenómenos que os vossos psicólogos explicam, não?
— Coitados! Eles são como todos os outros nossos sábios. Agora deu-lhes para endeusarem a ciência “exacta”: põem-se a fazer medições, comparações, gráficos, listas. E tiram conclusões…
— O que são as conclusões dos sábios?
— São verificações de cegos: eles apalpam, tacteiam os contornos e dizem: é uma mesa!, é uma cadeira! Muitos acham que fizeram a última descoberta no reino das mesas e das cadeiras. E concluem, isto é, fecham este reino e chamam-lhe seu. E ficam muito desiludidos, atrapalhados e às vezes muito furiosos quando, passados uns tempos, vêm outros cegos dizer que o reino das mesas e cadeiras tem outros modelos, outras “texturas”, enfim, é muito mais vasto…
— Sim. E não é por esse caminho que se chega à Verdade?
— Sim. À verdade a que podem chegar olhos físicos cegos. Algumas maravilhas da Natureza se descobriram por esta via.
— Mas os psicólogos dedicam-se a descobrir coisas, fenómenos não físicos…
— Eles pretendem entrar pelo mundo do Invisível. Mas fazem-no agora, como os outros sábios, a partir do comportamento do mundo físico. Os sábios vivem hoje, mais que nunca, agarrados ao Barro de que fomos feitos. Revelam-se, assim, os mais cegos entre os cegos.
— Tu já não és um sábio desses?
— Acho que nunca o fui, inteiramente. Sempre gostei de fazer excursões para fora do mundo físico, para as regiões que depreciativamente os sábios chamam da fantasia, do sonho…
— E as descobertas…espera: fizeste nesses passeios alguma verdadeira descoberta?
— Sempre. Nunca larguei essas longas caminhadas, justamente porque nunca nessas zonas fiquei verdadeiramente frustrado. E se o fiquei, isso nunca me fez convencer de que só no mundo físico eu poderia fazer verdadeiras descobertas.
— Mas, ao que vi e tu próprio tens até aqui escrito, nunca pudeste arranjar provas convincentes das tuas descobertas, a ponto de “obrigares” as pessoas a crer nelas, como os sábios conseguiram, por exemplo, “obrigar” as pessoas a crerem na força da gravidade, a ponto de as levarem a alterar toda a sua visão do espaço cósmico.
— É verdade: nada consigo provar! E no entanto aquilo que descobri provocaria, se as pessoas o aceitassem, uma revolução muito maior nas suas convicções do que a descoberta da força da gravidade.
— Vê se és capaz de apontar, ainda que só levemente, em que consiste essa revolução.
— Em os homens rejeitarem, de alto a baixo, toda a Civilização que ergueram, desde que eles próprios existem.
— Inclusivamente os dados da ciência?
— Pois claro!
— Inclusivamente a lei da gravidade?
— Inclusivamente essa lei.
— Como? A força da gravidade é uma mentira? Não existe?
— Aquilo que hoje entendemos por força da gravidade é uma descoberta de cegos; se ela tivesse sido descoberta a partir desse mundo que os sábios chamam da fantasia e dos sonhos, pressinto que seria uma realidade tão diferente, que aquilo que hoje dela conhecemos nos apareceria quase como mentira!
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