— 10:20:55
Jesus é a Verdade. Ele é toda a Luz descida à terra. Quando Ele regressar, é a Verdade que regressará, é a Luz que tudo há-de iluminar.
Tenho medo das palavras. Parecem todas repetidas e dão por isso a sensação de se estarem destruindo sucessivamente umas às outras. A nossa experiência diz-nos que uma palavra, à medida que se repete, se vai resfriando, até perder toda a sua força. Assim, tenho medo de que, escrevendo outra vez que Jesus é a Verdade, as pessoas larguem o livro, saturadas de ouvir tantas vezes a mesma coisa. E, mais do que isso, tenho medo de que nelas esta Palavra não mais volte a adquirir a vida e a força originais.
Mas eu não sei o que possa fazer. Posso, eventualmente, procurar um sinónimo de Verdade, de Luz. Posso dizer, por exemplo, Sinceridade, Claridade… Ou Pureza, Inocência… Mas julgo que o resultado não seria melhor: apenas estaria entretendo as pessoas com um colorido diferente, à superfície, durante, talvez, um tempo mais longo. Adiaria, assim, apenas um pouco a saturação. Como posso, então, manter vivas as palavras nestes tantos milhares de páginas já escritas e durante outras tantas que eventualmente venha a escrever?
E mais uma vez reconheço que as palavras em si não têm vida nenhuma; é o nosso coração que lhes dará toda a vida que elas possam ter. Vejo isto em mim próprio: quando na vigília a Senhora me levou a escrever que a nossa mais grave doença é a cegueira, uma nova onda de vida encheu as palavras Verdade e Luz. E, apesar de tantas vezes repetidas, elas ampliaram o Mistério do próprio Jesus e assim m’O revelaram mais necessário e urgente para a vida do mundo. Ao identificar outra vez Jesus como A Verdade, Ele apareceu no meu coração como o Fogo que queimará toda a Mentira estabelecida como norma no mundo. E ao voltar a contemplá-Lo como A Luz, logo vi n’Ele todo o Remédio para a nossa cegueira.
E é por isso que eu tenho medo: tão evidente é o remédio e tão urgente é a cura da nossa cegueira que, ao ter que repetir as palavras para proclamar aquilo que vi, eu posso estar a produzir o efeito contrário ao meu desejo: eu posso contribuir para cegar ainda mais as pessoas!
É claro que pode estar aqui oculto um outro pecado meu: eu posso estar a assumir-me como responsável pala salvação do mundo, esquecendo-me de que só Deus salva. Sou assim também eu um cego, a quem custa entregar-se à condução do Espírito, justamente porque ainda não viu que Ele é o único que conhece todos os possíveis caminhos de libertação, nomeadamente o meu próprio caminho.
— Maria, pede comigo ao Espírito que prepare o nosso coração para O deixar actuar a Ele só.
— Talvez libertando-te a ti do medo que sentes, não?
— Não achas que é um medo bom?
— Sim, se sempre o ofereceres ao teu Jesus para que Ele o ilumine.
— E, iluminado, o que poderá acontecer a este medo?
— Ele tornará as tuas palavras mais consistentes, mais pontiagudas, mais luminosas na Noite.
— Como setas?
— Sim, como poderosos Sinais
— Deixa-me então viver sempre nesta proximidade Contigo. Torna-me inteiramente disponível para mostrar Jesus. Serve-Te de todos os meios, adopta os mais eficazes, mesmo que me façam doer muito. Sinto agora tão urgente que a evidência das coisas substitua as explicações…
— É a isso que chamas ver?
— É. As explicações são como as fábricas: sempre esterilizam o que mostram.
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