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É tão grande e tão outro o mundo que Deus nos mostra quando começamos a ouvir a Sua Voz, que aos ouvidos deste mundo o testemunho do que passamos a ver soa como um chorrilho de fantasias. De facto, esse Outro Mundo face a este que pisamos começa a aparecer-nos inteiramente situado no território do Impossível. Como não há-de este mundo considerar as palavras que usamos como ingénuas e fantasiosas?
E inofensivas. Mas só num primeiro momento. Se, porém, a nossa conversão se revelar sincera e firme, aquilo que parecia pura, inofensiva quimera, passa a tornar-se facto concreto naquilo que chamamos a “vida real”. E toda a relação do mundo connosco começa alterar-se: nós tornamo-nos escândalo em que a rotineira normalidade necessariamente vai tropeçar. E uns, ao tropeçarem, serão acordados para o Mundo Novo que transportamos; outros, provavelmente a maioria, sentir-se-ão apenas incomodados com a pedra de tropeço. Mas se a pedra permanecer firme contra o fluxo da rotina e sobretudo se outras pedras se lhe juntarem, atrapalhando gravemente o curso do preguiçoso rio, a surpresa inicial virará fascínio nuns e raiva noutros.
Se estas pedras de escândalo começarem a aparecer aqui e ali, disseminadas em todo o planeta, o que deixará de haver na terra é certamente a indiferença.
Hoje é a indiferença o estado de espírito mais comum em toda a Humanidade. Parece que todo o mundo vive anestesiado. Permanece indiferente perante os milagres mais espectaculares e perante os crimes mais vastos e violentos. Uma arrepiante resignação está tomando conta dos corações. Deve-se a esta impotência resignada a atitude de alguns, hoje tão frequente, caracterizada por um espectáculo exibicionista a todo o custo, mesmo com o sacrifício da própria vida. Eles pretendem, a todo o preço, acordar o mundo.
Mas são os discípulos de Jesus que verdadeiramente o vão acordar, num futuro muito próximo. Os suicidas actuais incomodam, mas não vão conseguir acordar o mundo: rapidamente os milagrosos meios de comunicar hoje em acção e todos de goelas abertas, os vão publicitar, até os vulgarizarem e os fazerem desaparecer de moda. Porque eles fazem, no fundo, o que todos os desesperados até hoje fizeram: matam, muitas vezes juntamente consigo próprios, uma série enorme de culpados e inocentes, indiscriminadamente. E o mundo continuará mergulhado na violência de milénios, em verdade desde que existe, e por isso, de tão cansado de não encontrar a porta deste Labirinto da Crueldade, continuará deixando-se arrastar no rolo resignado da impotência.
Foi de todo diferente o Caminho de Jesus. E vai ser de todo diferente hoje de novo, porque não mais foi percorrido, de forma que o mundo o visse, desde os tempos do próprio Jesus histórico e da primitiva Igreja. O mundo, desta vez, não vai conseguir desacreditar este Caminho, arrumando com ele como fantasia infantil, quimera inofensiva, ou até mesmo como utopia respeitável, mas irrealizável na prática. O dinamismo de Jesus e da Igreja primitiva não vai morrer, desta vez. O Caminho será o mesmo de outrora: nem os discípulos de Jesus se suicidarão, nem matarão ninguém; antes se deixarão eles próprios morrer às mãos dos seus perseguidores, como cordeiros entre lobos. Mas desta vez Jesus vem para tornar vivo e inamovível o Seu Caminho de Libertação. Porque a Igreja viverá do Coração e a sua única Lei será Jesus.
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