Este foi um episódio particularmente marcante, daqueles que nunca mais
esquecem.
7/10/96
– 10:38:38
Só esta imagem me faria pegar na caneta para
escrever: tenho trabalho a fazer para a escola e não consegui, até hoje, gostar
de escrever. Mas aqueles algarismos dizem-me que Sua Majestade a Rainha veio de
lá, do Mistério dos Mistérios, para me falar dele.
– Diz, Senhora.
– Deixas-Me sentar aqui nesta cadeira, ao
teu lado?
– Com certeza… deixa-me tirar estes livros…
Pronto.
– Que tal a Minha Majestade, aqui sentada
contigo à mesa do café?
– Mãezinha, porque me fizeste isto, agora?
– Isto, o quê?
– O fazeres-Te assim tão igual a mim.
– Eu sou igual a ti. Repara bem para Mim.
– Posso ver-Te como Companheira?
– Como Me vês, agora?
– Aqui sentada assim ao meu lado, és só uma
Amiga encantadora que quer falar comigo.
– É verdade: não sentiste agora mesmo o
Sinal de autenticidade, no que acabavas de escrever?
– O suspiro! O Sinal que o Teu Filho nos
prometeu!
– Sinal de uma Realidade aqui, no teu
coraçãozito.
A jovem que está ao meu lado apontou com um
dedo o meu coração. Reparei-Lhe na mão: é muito perfeita, muito delicada…
– Queres falar comigo…não sei como Te hei-de
tratar, nesta situação…
– Maria é o meu nome. Chama-me Maria.
– Olha, escrevi com minúscula meu, me…
– Não faz mal. É preciso que Me vejas agora
apenas como tua Amiga.
– Mas não me posso esquecer de Quem Tu és,
pois não?
– Há algum perigo de te esqueceres?
– Não sei… Assim jovem, aqui comigo neste
café…
– Não tenhas medo. Se Me continuares a ouvir
o Coração, a Minha proximidade em corpo só te pode levar a agradecer ao teu
Mestre que assim Me permitiu vir sentar-Me aqui à tua beira.
– Diz então, Maria. Posso fazer-Te uma
festinha?
– Podes fazer-Me tudo o que o teu coração
pedir.
– Então…acho que basta que me fales para que
o meu coração se mantenha sempre puro.
– Olha: anteontem tinhas receio de escrever
uma coisa que Eu te pedi que escrevesses. Não chegou a ficar escrita…
– Não. Só insinuada.
– Não queres escrevê-la agora?
A Senhora, perdão, Maria, apontou, com o
mesmo dedo de há pouco, o indicador da mão direita, este papel… não me consigo
esquecer de que esta jovem é a minha Senhora, a minha Rainha… Ela, numa atitude
encantadora, com um sorriso entre sereno e divertido, está esperando que eu
escreva justamente isto que estou a escrever. Agora olha para mim, numa
expressão típica de quem pergunta Já está?
– Já, meu querido Encanto…deixa-me tratar-Te
assim…Maria… estás a ver? Não consigo habituar-me… Tudo em Ti me impressiona
e…e não consigo ver em Ti uma Maria igual às outras Marias, prontos!
– Olha: de que cor são os Meus cabelos?
– Não sei. De cada vez que olho são de uma
cor diferente.
– E de que cor são os Meus olhos?
– Não sei. São de todas as cores…
– E como estou Eu vestida?
– Não faço ideia nenhuma!... Estás vestida
de Encanto.
– Hás-de habituar-te, Meu querido pequenino.
– Sem Te ofender…sem Te manchar?
– Quando Eu for para ti apenas Maria, terás
o teu coração inteiramente puro.
– Como!?
– Olha: não queres agora escrever o que não
escreveste anteontem?
– Quero, Pequenina… Posso tratar-Te assim?
A minha Companheira riu-Se. Agora espera que
eu continue, com uma expressão de irresistível Encanto.
– Eu ia escrever que aconteceu em mim o
mesmo Prodígio que aconteceu em Ti. Por isso cantaste o Magnificat, de novo.
Suspiro. Maria continua, em mim.
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