Fala-se muito de um Jesus doce, pacífico, magistral. Mas esse Jesus aparece
muito pouco nos Evangelhos; o que ali se vê é uma verdadeira máquina de terraplanagem,
desmascarando e arredando do Caminho que estava abrindo, com formidável coragem
e coerência, todos os obstáculos que Lhe apareciam pela frente.
16/9/96 – 9:28:46
– Mãezinha,
porque me está aparecendo tanto o Diabo, nos Sinais, hoje?
– Ele sempre está
por perto. Por isso é bom que apareça, para que te não esqueças desta presença
rondando.
– Mas porquê
agora, em especial? Ele costuma aparecer mais quando mais se sente atacado e
desmascarado nesta escrita.
– Tens abandonado
a escrita quando ele ataca?
– Acho que não.
Apesar de me fazer sofrer muito, porque me atravanca o caminho com toda a
espécie de obstáculos, eu tenho um secreto prazer em lutar contra ele. Sempre
gostei muito de remover obstáculos, de desimpedir caminhos. Por mim, a estrada
não teria curvas nenhumas. Seria, além disso, larga e plana. Eu acho que sou
uma escavadora, Mãe. Uma daquelas que leva tudo raso à sua frente.
– E que por isso
acaba toda esmurrada, tantas vezes…
– Sim, Mãe. Mas é
só substituir as brocas e as pás para avançar de novo. Uma escavadora perde o
sentido de traseiras voltadas para o obstáculo.
– Então e neste
momento em que estado te encontras? De brocas partidas?
– Não. O meu
manobrador está só descansando um pouco. Se soubesses a ânsia que eu tenho de
que ele se volte a sentar aqui no seu lugar, me ligue o motor e se me agarre
aos comandos… Estou com uma raiva àquele obstáculo além!…
– E que obstáculo
é esse, que te faz tanta raiva?
– Nunca sei, Mãe.
Os obstáculos são sempre para mim uma incógnita enquanto não entro em contacto
com eles. Muitas vezes enganam-me: ou eram só aparência, ou eram mais duros do
que pareciam. De qualquer forma, sempre me provocam raiva e uma vontade enorme
de os fazer desaparecer.
– Podes dizer-Me
o nome de alguns desses obstáculos?
– O mais duro de
todos é a razão; o mais mole e falso de todos é o prazer. Este é viscoso: o
manobrador tem dificuldade em conservar-me na rota…
– Diz-Me então
agora como se chama esse “manobrador” por que tanto anseias.
– Tu sabes muito
bem. Chama-se Jesus.
– Então sem Ele…
– Eu-escavadora
não funciono. E perco todo o sentido.
– Gostarias de
ser sempre escavadora nas Mãos de Jesus?
– Enquanto houver
obstáculos destes que necessitem da força bruta de uma máquina… Mas olha,
Mãezinha: eu sinto com intensidade igual exactamente a ânsia contrária à raiva:
a ternura. Queria ser também o Olhar doce de Jesus ou a Mão delicada que Ele
tem para acariciar e curar todos os que Lhe descem ou caem na estrada que está
rasgando.
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