Aos olhos da lógica estabelecida pela construção que levantámos como
alternativa à Criação de Deus, eu não tenho o mínimo perfil para a vocação que
estes Diálogos pressupõem. Mas veja-se como olha Deus para a nossa Lógica.
25/9/96 – 2:24
Conforme algumas
vezes me sucede, acordei desta vez vindo de um estado de espírito
incaracterizável, em que não sei se estou sonhando, ou imaginando, ou pensando,
ou intuindo. E, também como quase sempre sucede, nada retenho ao começar a
escrever, a não ser um ou outro elemento essencial. Desta vez sei apenas que se
tratava de algo ou de alguém que, de tão teimosamente insistir em ultrapassar
determinada barreira ou norma, recebeu por fim de Deus a capacidade de a
ultrapassar, o que era visto como coisa impensável ou impossível. Isto, somado
aos meus teimosos Sinais falando de anúncio e de testemunho, concentra-me na
divulgação desta Mensagem, que começou já a ser dactilografada no computador.
Também ela é algo de indomável que, pela sua obstinação, recebeu de Deus a
graça de ultrapassar todas as barreiras, mesmo as mais sólidas, e adquiriu
assim uma legitimidade nova, inaugurando um novo reinado.
Estou tenso, sim,
mas nada angustiado: creio em que os passos que eu for dando são guiados pelo
Autor desta Mensagem e em que tudo acabará por ser feito segundo a Sua Vontade.
Ainda de vez em quando me ataca, é claro, a dúvida, como uma pontada no coração:
tamanha revolução representam estas páginas, tão outra é a ordem que elas
postulam, que a barreira que têm que ultrapassar é mesmo a barreira do
impossível! Eu acredito inteiramente no meu Mestre como o Senhor do Impossível;
mas admito ainda, às vezes, de fugida, que tudo isto possa ser construção do
meu espírito carente e ambicioso. Surge-me, no entanto, logo a seguir também
sempre a sensação de que estou com esta desconfiança magoando o meu Senhor, ao
não ter em conta o Amor louco que este Seu Dom representa para mim e a
solicitude com que desde o início tem acompanhado a minha vida! De facto, tudo
se encaixa numa cerrada lógica, que eu capto no entanto só pela Fé, sempre só
pela Fé, porque o Senhor obstinadamente Se me tem furtado à visão interior directa,
à audição interior clara e distinta.
– Não tens pena
de mim, Mestre? Não sabes quanto custa este caminhar sempre assim só tacteando?
– Repara no
caminho que já avançaste. Achas que seria possível percorrê-lo apenas
tacteando?
– É verdade,
Mestre! Às vezes parece que pegas em mim e me levas voando à velocidade da Tua
Luz!
– Então de que te
queixas?
– De nunca ter
visto o Teu rosto físico, de nunca
ter ouvido a Tua Voz física.
– Nunca te viste
ao espelho?
– Meu Senhor! Tu
que me estás a dizer?
– Perguntei-te se
nunca te viste ao espelho.
– Já. E
interroguei-me se isto é cara que Te possa servir para de alguma forma
revelares hoje às pessoas o Mistério de Deus.
– Podes
descrever-Me a cara ideal para esse efeito?
– Não. Agora que
perguntas, acho que qualquer cara Te pode servir. Deve depender da missão que a
cada um quiseres dar.
– Que cara tens
tu?
– De velho.
– Não é a cara
ideal para revelar Tudo Novo?
– Como assim?
Porquê uma cara velha?
– Não vem a
verdadeira Novidade donde menos se espera?
– Ah!
– Sabes agora
porque não vês o Meu rosto físico?
– Suspeito… Mas
diz Tu, Mestre.
– Porque ainda
não acreditas no que Me pedes.
– Ah!… Eu
tenho-Te pedido que cada gesto, cada expressão do meu rosto Te revele a Ti…
– Achas que Eu
gosto de ti?
– Acho. Sei que
gostas muito de mim. Como ninguém neste mundo.
– Então porque
não acreditas em que te dou o que Me pedes?
– Dá-me então a
Tua Palavra antes que me deite, uma palavra que continue moldando em mim o Teu
Rosto.
– Romanos dez,
oito.
– Ah, Mestre,
gosto tanto de Ti!
– Porque Me dizes
isso especialmente agora?
– Não sei. Porque
o senti perante aquela citação.
– Não
desconfiaste de que Romanos não tenha dez capítulos?
– Desconfiei. Mas confiei em
Ti e julgo que foi isso que despoletou em mim aquele impulso afectivo por Ti!
Em
Rom 10, 8
está isto:
“Mas que diz a Escritura? Perto de ti está a Palavra, na tua boca e no
teu coração, isto é, a Palavra da Fé, que nós pregamos”.
Bem hajas, Jesus.
– Já entendeste
tudo?~
– Não.
– Então descansa,
agora.
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