Assim nos pede Jesus. Portanto, é possível sermos perfeitos. Mas…o que é
ser perfeito? Não cometer erro nenhum? Não ter defeito nenhum? Se assim fosse, ninguém
conseguiria ser perfeito, como é óbvio…
28/8/96 – 0:46
Deitei-me às
11:06 e desta vez foi, dizia eu noutros tempos, um fenómeno puramente biológico
que me fez acordar: eu tinha tomado um carioca de café depois do jantar. Mas
agora eu digo que foi aquele 6 numa e noutra imagem que me fez acordar. Isto é,
eu estou agora vendo todas as coisas inseridas num todo universal. Nenhum
fenómeno biológico age automaticamente: não é o café que me não deixa dormir
tranquilo; foi a minha vontade que, sabendo já que o café tem aquele efeito, se
quisesse poderia ter evitado tomá-lo. Mas a minha vontade, por sua vez, sendo
livre, está sujeita a estímulos sedutores para o bem e para o mal. Neste caso
escolheu o mal e assim se inseriu na esfera de domínio do “príncipe deste
mundo”. E não se diga que neste caso se trata de uma coisa leve, sem
importância: é com passos leves, sem importância, que se percorre o caminho da
Vida ou da Morte.
Por isso Deus nos
quer perfeitos. Se nos contentarmos com a mediocridade, com o lusco-fusco, com
o mais-ou-menos, não é aí que indefinidamente permaneceremos, mas fatalmente
nos estamos dirigindo para as trevas, o reino da Besta. Desistir da perfeição é
começar a definhar. Nenhuma queda, no entanto, nos deve angustiar, nenhuma
incapacidade nos deve deixar frustrados: ninguém como Deus conhece as nossas
limitações; o que Ele quer ver em nós é só, depois de cada queda, uma maior
nostalgia da meta, uma maior sede de chegar – Ele fará o resto. Por isso Ele
ama com especial ternura os pecadores que reconhecem o seu pecado: reconhecê-lo
é já ter nostalgia e sede de voltar e este simples facto provoca uma grande
alegria no Céu. Ter saudade da casa do Pai, ter sede de lá voltar – isto basta
para que o Sopro da Vida se ponha, feliz, a reanimar-nos todas as células!
Gentes todas da
terra, eu peço-vos em nome do Senhor: não permaneçais no vosso pecado, fechando
o coração. Por mais vergonhoso que seja o vosso pecado, se deixardes Deus
cuidar do vosso coração, Ele liga tanto a esse vosso vergonhoso pecado como ao
meu pecado de ter tomado aquele café antes de deitar, isto é, nada; fica, pelo
contrário, feliz, porque, quanto maior é a nossa podridão, mais entusiasmo Lhe
dá transformá-la na Sua Luz! Não vos esqueçais, gentes, povos todos da terra:
Ele só quer que nós desejemos ser
curados! E o que mais Lhe custa, o que mais dói no Seu coração de Artista, é
que nós deixemos de desejar, isto é, desistamos de ser perfeitos. É como se O
obrigássemos a abandonar a obra antes daquele toque final que lhe daria toda a
beleza. E Ele pára efectivamente a obra sempre que nós deixamos de desejar –
tão grande é o respeito que Ele tem pela nossa Liberdade!
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