Não
há nada vazio em lugar nenhum da Existência – assim me ensinou Jesus. Porque
nos sentimos então vazios, às vezes? Porque Se sentiu Jesus vazio do próprio
Pai, no momento da Sua dor extrema? Onde esteve, aí, o Deus-Amor?
22/8/96 – 3:48 – Rossão
– Mãezinha, não sei se o Teu Jesus está
contente comigo: têm sido tão vazias as últimas vigílias…
– Que te ensinou já o teu Mestre sobre o
vazio?
– Que não há vazio em toda a Criação: tudo o
Espírito de Deus preenche e sustenta.
– Então porque chamaste vazio ao tempo em
que estás vigiando?
– Porque me não sinto preso ao Céu. O
resultado é que nada escrevo.
– Acreditas em que Jesus gosta muito de ti?
– Ai isso acredito! Mas justamente por isso:
não deveria eu esforçar-me mais por me concentrar n’Ele de qualquer forma –
indo procurá-Lo à Escritura, à Vassula, pedindo-Lhe, sei lá…?
– E porque não O procuras conforme disseste?
– Não sei… Viste, Mãe, o tempo que eu
demorei agora a encontrar o motivo, sem o ter encontrado? É deste género o tempo
que eu chamo vazio: nada acontece no meu espírito, nem sequer o impulso para
procurar Deus por aquelas vias.
– Pobre menino!… E que ficas fazendo?
– Vagueando por aqui e por ali…
– E sentes-te bem?
– De maneira nenhuma! Sofro com isso. Eu queria
estar possuído e abrasado na mais terna afeição pelo meu Mestre e Senhor, pelo
Pai, pelo Espírito Santo e por Ti… E pareço-me abandonado, aqui no Deserto,
pelo Teu Filho.
– Olha: tens hoje o Crucifixo à tua frente.
Diz-Me porquê, dizes?
– Dizia, se soubesse. Mas acho que nem isso
eu sei bem.
– Não é certamente porque O desprezas, o Teu
Mestre crucificado!?
– Não! É certamente porque gosto d’Ele.
– Crucificado?
– Sim.
– Abandonado?
– Sim.
– Que achas que o Pai do Céu sentiu pelo Seu
Filho quando estava assim crucificado e abandonado?
– É impossível dizê-lo: é que era o próprio
Pai que estava nesse momento abandonando o Seu Filho naquele estado! Era em
especial pelo Seu próprio Pai que Jesus Se sentia abandonado!
– Que sentia o Pai pelo Filho, Salomão?
Tenta dizer-Mo.
– Não podia ser outra coisa senão amor.
– Vê bem: que amor é esse que abandona
afectivamente o Filho naquele horror?
– É verdade, Mãezinha! Não sei. E que
afeição se pode sentir, no meio de tormentos assim?
– Vê, Meu pequenino, o que o Pai deverá ter
sentido!…
– Porque fez Ele isso, Mãe?
– Porque foi, Salomão?
– Porque não respondeste Tu, Mãezinha?
– Porque não sei.
– Não sabes??
– É demasiado fácil dizer que foi por amor…
– Tu própria não entendes o tamanho do Amor
na Hora do Abandono?
– Não. Essa Hora concentrou no Coração do
Pai todos os pecados de todas as criaturas de todos os tempos… Toda a falta de
amor, desde o Princípio até à Consumação do Séculos, ali estava presente!… E o
Pai fê-la sentir ao Filho!… Ninguém entenderá o que se passou na Hora do
Abandono!…
– Nem Tu, Mãezinha, ali caída aos pés do Teu
Filho?
– Nem o Meu Filho o entende ainda!…
– Como??
– Essa foi e será sempre a maior surpresa do
Amor do Pai do Céu!
– E o nosso Jesus, que suportou essa Hora, a
Hora do Vazio, perante o Olhar do Pai, que deu Jesus ao Seu Pai?
– Por causa dessa Hora, também Jesus será
surpresa eterna para o Seu Pai!
– E o Espírito? Fala-me do Teu Esposo,
Mãezinha. Onde estava Ele, nesse momento?
– Segurando os mundos todos, para que se não
desmoronasse o Universo.
– Ele foi o Milagre que impediu o Universo
de regressar nesse momento ao Nada?
– Sim, filhinho: o Meu Esposo esteve
sustentando na existência o próprio Vazio dessa Hora, para que desse Vazio,
desse Nada, pudesse surgir a Nova Criação!
– Mãezinha, que coisas tão grandes Tu me
disseste hoje! Porque foste Tu a ensinar-me isto?
– Porque sou Tua Mãe e os pequeninos são
sobretudo as mães que os ensinam.
– Então o vazio das minhas vigílias é
necessário para que eu daí surja novo?
– Tu e uma multidão, se o juntares à Hora do
Abandono, oferecendo-o ao Pai.
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