Antes de Se entregar à morte, com se fosse um testamento, Jesus orou:
“Pai, que todos sejam Um, como Nós”. E no entanto tem sido este soleníssimo
momento da vida do nosso Mestre ocasião de conflito e divisão entre nós, que
nos dizemos Seus discípulos. Este verdadeiro crime cometemo-lo todos nós ao
fazermos de Jesus uma Doutrina, coisa monstruosa, que tudo divide e mata (ver
texto anterior).
27/8/96 – 5:44
Acordei com estas palavras repetindo-se
incessantemente depois de, em sonho, as ter visto escritas nas costas da
T-shirt de alguém: “Fazei isto em memória de Mim”. E a hora registada acima
logo a li assim: “Anunciareis a morte do Senhor até que Ele venha”. São, como
sabemos, dois excertos que se referem ao mesmo acontecimento: a Ceia do Senhor.
– Mas a Tua Ceia,
Jesus, ainda a não vivo, é Mistério que me está ainda fechado. Ensinaram-me
coisas sobre ele, mas, como Tu ontem me disseste, os Teus Mistérios não se
ensinam, nem se aprendem: só são revelados quando se tornam acontecimento vivo
no coração. Deixa-me viver a Tua Ceia, Jesus!
– O que é que, da Minha Ceia, sentes já como
acontecimento em ti?
– Apenas que ela encerra um tremendo e
fascinante Mistério Teu.
– Quem ou o quê te levou a esse
conhecimento?
– A sedução que há dois mil anos este
Mistério exerce na Tua Igreja e o facto de o teres revelado em ocasião
soleníssima: escolheste a festa da Páscoa para o revelar e foi o último que
revelaste antes de morrer. Como se toda a Tua vida se tivesse dirigido para
esta Hora.
– Que aconteceu, na Minha última Ceia?
– Varias coisas, certamente muito estranhas
para os Teus discípulos.
– Refere algumas.
– O lavares-lhes
os pés; a denúncia da traição de Judas; a predição da negação de Pedro; a
revelação do Teu Mandamento Novo; a promessa da vinda do Espírito Santo; a
revelação do Mistério da Unidade... Estou a ver no Evangelho de João e verifico
que, estranhamente, ele não fala daquilo que sempre é visto como o cerne da Tua
Ceia: as Tuas palavras pronunciadas sobre o pão e sobre o vinho,
respectivamente “Isto é o Meu corpo” e “Isto é o Meu sangue”.
– Verificas este facto pela primeira vez!?
– Sim. Se a teologia me chamou a atenção
para isto, eu estava distraído com certeza: eu não tinha reparado.
– E criou-se assim em ti um problema!?
– Não sei se é problema, mas estou achando
muito estranho: se aquelas Tuas palavras são assim tão importantes, porque não
as refere João?
– Por outro lado, João refere coisas que os
outros evangelistas não referem...
– Sim. Muitas. É mesmo, de longe, o mais
extenso relato da Última Ceia.
– Em vez daquelas palavras, de que fala
João?
– Do Amor. Creio que tudo o que diz se pode
resumir na revelação do Amor de Deus em Ti.
– Vê se nas palavras de João algumas se
referem mais directamente àquelas que pronunciei sobre o pão e sobre o vinho.
– “Ninguém tem maior amor do que aquele que
dá a vida pelos seus amigos”: está aqui a referência ao Teu Corpo entregue, ao
Teu Sangue derramado para a vida do mundo.
– Escolhe ainda outra palavra que vejas
relacionada com a entrega do Meu Corpo e do Meu Sangue no pão e no vinho.
– Não consigo, Mestre: indirectamente são
todas, mas directamente não vi mais nenhuma. João fala muito é da Palavra que
Tu nos deste e que une no Amor...
– Escreve, escreve então agora essa
expressão que mesmo agora te ocorreu ao espírito.
– “A Palavra fez-se carne e habitou entre
nós”.
– Quem era
Eu, para o Meu João?
– Palavra
– O Meu Corpo
também?
– Sim: é
Palavra feita carne.
– O Meu
Sangue também?
– Também... Ah,
Mestre, Tu és em verdade o único Mestre! Conduziste-me ao capítulo seis do
mesmo Evangelho de João onde, mais claro do que qualquer outra parte, nos
apareces Tu, o Verbo que era no Princípio, feito Pão que desce do Céu para a
vida do mundo: carne, que “é, em verdade, uma comida”; sangue que “é, em
verdade, uma bebida”! Tu és um espanto, meu Senhor!
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