Muitas vezes se consideram os Profetas como aqueles que apontam o futuro
e sobre ele dizem coisas espectaculares, boas ou más. Mas não são isto
sobretudo os Profetas; eles são a Voz indomável de Yahveh, que hoje diríamos
Voz de Jesus, dizendo coisas impressionantes, na verdade sobre o presente, ao
qual sempre se dirigem.
13/8/96 – 3:58 – Rossão
“Amós três, nove-onze” – assim me falou a
minha Fé e eu devo segui-la, pois, se a não seguir, que outra voz me poderá
guiar? Que outro processo teria eu de chegar à Palavra do meu Senhor? O dedo? O
olhar? Mas ainda assim seria a Fé a conduzir-me. Só a Fé me garante a total
dependência de Deus; qualquer outro processo me levaria à Rebelião. Ainda que
eu tivesse o Dom da audição e da visão interior, se não tivesse Fé, o próprio
Dom de Deus me levaria à Rebelião. A Fé é o mais difícil, mas o mais seguro dos
caminhos para a Casa do Pai. Creio, pois, ser pura Vontade de Deus que eu leia
Am 3, 9-11
– A tua primeira impressão qual foi?
– Que me poderias ter dado um texto mais
claro e mais significativo e mais conforme à minha expectativa.
– Qual era a tua expectativa?
– Que me iluminasses mais o difícil caminho
do amor físico que venho percorrendo Contigo.
– E não foi isso que fiz?
– Ahn? Foi? Não vejo aqui nada que a este
tema se refira.
– Que vês, então?
– O Profeta diz uma coisa estranha: apela a
que “nos palácios” de países estrangeiros, Azot e Egipto, se apregoe isto:
“Juntai-vos sobre os montes da Samaria e vede quantas desordens há nesta
cidade, que violências se praticam no seu interior!”.
– E não te estou falando sobre o amor
físico?
– Não parece nada.
– Que “cidade” é esta a que o Profeta se
refere?
– Julgo que é palavra simbólica para
designar Israel.
– Mas o Profeta está agora no século vinte
falando para ti: que “cidade” é esta, Salomão?
– É a Tua Igreja.
– E que vê o Profeta na Minha Igreja?
– “Desordens” e “violências”.
– Que desordens há na Minha Igreja e que
violências?
– Aparentemente está tudo muito bem
organizado e em paz.
– Sabes porque apela o Profeta aos pagãos
para que olhem a Igreja?
– Porque ela própria não se enxerga.
– Não se enxerga porquê?
– Porque se esmagou com a pesada máscara da
ordem e da paz. De tal maneira que o Profeta se sente impotente e por isso se
volta para os pagãos, na esperança de que ao menos eles vejam!
– Vejam o quê, Salomão
– A “desordem” por baixo da ordem, a
“violência” por baixo da paz.
– Dá um exemplo de desordem na Minha Igreja.
– A subalternização das mulheres e a
marginalização dos “pecadores”: homossexuais, prostitutas, divorciados….
– Dá agora um exemplo de violência na Minha
Igreja, Meu querido escrivão.
– O celibato dos padres.
– Mas há outras desordens e violências…
– Sim, Mestre, muitas outras: a Tua Igreja
subverteu completamente a Tua Ordem e a Tua Paz.
– Em que se funda a Minha Ordem?
– No Amor.
– Em que se funda a Minha Paz?
– No Amor.
– Que Amor?
– Só há um Amor.
– Não há um amor espiritual e um amor
físico?
– Só assim dizemos, porque há séculos vimos
dividindo o Amor.
– Porquê?
– Porque a Besta reina dividindo.
– Que fizestes do amor espiritual?
– Um tirano opressor.
– E que fizestes do amor físico?
– Um escravo explorado e esmagado.
– Como chama a uns e a outros o profeta
Amós?
– “Roubos”, que “eles amontoam nos seus
palácios”.
– Que farei então à Minha Igreja, Salomão?
– Tu o dizes no versículo onze: “Eis o
inimigo a cercar o país! Tirar-te-á a tua força e os teus palácios serão
saqueados”.
– Quem é o inimigo, sabes?
– És Tu! Tu serás o implacável Inimigo desta
Igreja!
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