O
Caminho não é fácil. A Porta é estreita. Jesus terminou num rotundo fracasso.
Mas é por aqui. E vale a pena.
13/4/96 – 2:29
Não há nenhuma excitação ou entusiasmo em
mim. Sou como a mulher grávida que perdeu o apetite e a quem acontecem todo o
género de incómodos, de modo que poucos tempos tranquilos lhe restam para
sonhar, feliz, o filho nascido – a grande alegria virá, mas só no fim e isso,
apenas, a mantém viva, activa, caminhando. Às vezes pareço-me também aquele
alpinista que nem o cume da montanha vê: só sabe que lá está e é lá a meta e só
por isso suporta arranhões, quedas e sustos.
Gentes todas da terra, irmãos meus que vos
sentis pecadores e cansados, que vos sentis de todo impotentes no caminho do
vosso Sonho, deixai que me sente, eu também, junto de vós para descansar um
pouco. Se conseguirdes ouvir o fiozinho da minha voz, eu queria dizer-vos que
vale a pena continuar. E mesmo que estejais naquele momento do vosso coração em
que nem a meta já vos seduza, permiti-me dizer-vos que vale a pena continuar.
Sei isto, porque tenho um Mestre que já passou por aqui, que passou todas as
dores e cansaços que nós passamos, que chorou de impotência como tu e eu já
chorámos perante o longínquo cume que nos parece afastar-se à medida que
caminhamos. Ele chegou lá e disse-me que vale a pena, disse-me mais: que é a
única coisa que vale a pena, porque ao chegarmos lá acima acontece uma inaudita
surpresa: morremos do esgotamento e da dor da caminhada, mas logo-logo
ressuscitaremos inteiramente novos! Descobrimos que é brilhante o nosso novo
corpo e sentimo-lo imortal. E na alma sentiremos uma felicidade tão grande, que
nenhuma dor a poderá sequer tocar.
E não é preciso muito para conseguirdes
sempre novo alento nesta caminhada – foi o meu Mestre que o disse e eu sei que
é verdade, porque já assim me aconteceu: deixai só que o vosso Sonho se torne
Pessoa e chamai-Lhe Deus. Chamai-Lhe Pai! Deixai de confiar nas vossas próprias
forças, porque até já sabeis o resultado. Deixai de construir torres para
subir, porque tudo se desmorona, como vistes. Deixai de construir casas aqui,
porque só vos enredam e retardam a chegada. Levai convosco só a vossa tenda
leve; às costas, para vos ficarem os braços desimpedidos. E nem alimento nem
água precisareis de levar: o vosso Pai vos guiará por sítios onde jorra água
fresca saindo pura do rochedo da montanha e onde há substanciosos frutos
selvagens. Gentes, morro de dor e cansaço como vós, mas o saber isto que sei
até de noite me põe alerta para não perder a Voz deste Pai dizendo É por aqui.
Garanto-vos que ouvir esta Voz e seguir estes Caminhos, estranhos, chocantes às
vezes, se tornará Encanto puro no vosso coração.
– Para quem estive a falar, Mestre?
– Para Mim!
– Han?!
– Quem pensas tu que são aqueles que
encontraste no meio da montanha, cansados e desfalecidos?
– Eras Tu?
– Quem havia de ser?
– Mas nem cristãos me pareciam…
– Não os encontraste tu na Minha Montanha,
querendo subir?
– Encontrei.
– Eram arrogantes?
– Não: estavam só muito cansados. Eram o
contrário de arrogantes: vi que se sentiam impotentes.
– Quem são os Meus discípulos, Salomão?
– Os cansados e os impotentes?
– Sim. Os que sonham a Paz e por isso se
meteram à Montanha. Em verdade te digo: no seu Sonho verão o Meu Pai e nos seus
braços terão a Força do Meu Espírito.
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