Uma das grandes provas para a minha Fé foi a questão do ouvido. É que,
se estes Diálogos são uma verdadeira Profecia, eles terão que ser a expressão
fiel do que Deus através deles nos quer dizer; eu devo, portanto, ouvir Deus
distintamente. Mas eu não recebi o Dom da locução nem o da visão interior:
conforme Jesus me explicou, eu ouço distintamente, mas só pela Fé, que é, de
todos, o mais fiel ouvido e a mais clara visão, já que a Fé é a entrega, sem condições,
do coração. Foi assim que, para me treinar o ouvido da Fé, Ele me abriu
inúmeros Mistérios, entre os quais o da Palavra de Deus escrita.
8/4/96
- 15:09:20
Primeiro ouvi “Amós” quando, impulsionado
por uma passagem destes Escritos, pedi ao Senhor o meu Pão de hoje. Depois era
uma grande baralhação de algarismos o que ouvia. Rezava de coração para que o
Senhor fosse claro, desfazendo a confusão de Satanás. Então Ele disse nitidamente:
“quatro”. Novo zumbido de algarismos díspares ao ouvido da minha alma. Pedi de
novo a Luz, para que pudesse discernir com clareza o Desejo do Senhor. E ouvi
“quinze”. Destaco, pois, sem a mínima hesitação:
Am 4, 15
O capítulo quarto de Amós só tem treze versículos!! E só me faltava, no território da Ausência que tem sido para mim esta Páscoa, mais esta prova. Porque desta vez, à minha aparente deficiência de audição ou mesmo, para muitos, à absoluta ausência de qualquer tipo de audição, junta-se uma agravante: eu afirmo ter recebido estes algarismos depois de ter rezado “de coração” e como resultado de um pedido “para que pudesse discernir com clareza o Desejo do Senhor”. Isto é, além de embusteiro, eu estou a dar um anti-testemunho acerca da eficácia da oração!
É claro que eu não estou angustiado, nem me
julgo réu de nenhum pecado: o Senhor já me ensinou a nunca ter medo d’Ele. E eu
não tenho medo nenhum de Deus. Mesmo que O negasse, como Pedro, eu nunca teria
medo de Deus; apenas me invadiria o coração uma mágoa toda feita rio de
lágrimas. Então? Como interpreto este acontecimento que me deixa não só
tranquilo, mas quase agradecido ao meu espantoso Deus? Eu tinha estado,
momentos antes de iniciar este texto, a considerar o que o Mestre me tem dito
neste Deserto sobre a Escritura. Imaginei mesmo um profundo choque na Igreja,
perante esta revelação de Jesus. Mas estranhamente senti que, depois da
perplexidade inicial, a Igreja se uniria como num só coração em torno da nova
concepção da Escritura. E unanimemente incluiria na Bíblia a oração de S.
Francisco “Senhor, faz de mim um instrumento da Tua Paz”, ou o seu “Cântico do
irmão sol”, por exemplo. Assim, em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo
eu acabo de proclamar, mais uma vez, a Novidade do Nono Dia, como Testemunha
fidedigna, porque em mim repousa o Espírito do Senhor – isto me dizem, com esta
clareza, os algarismos que registei no início deste texto. E a Novidade que
Jesus repete hoje, solenizando-a com este tempo pascal, é esta: a Escritura não
é um monumento em que estivesse cristalizada toda a Revelação; nem sequer pode
ser considerada como Palavra Viva de Deus mas emudecida “com a morte do último
Apostolo”. É a Mãe que neste momento me diz não poder nunca o homem pôr
qualquer tipo de fronteira ao Mistério de Deus, porque Ele “está continuamente
criando”!
O nosso Mestre deve ter tido pena de mim. De
facto, ao reler o que escrevi esta tarde e ao considerar a Ausência gelada em
que vivo, eu fui assaltado outra vez pela habitual dúvida: e se tudo o que
escrevo, mesmo sem verdadeira consciência do facto, for forjado pelo meu
megalómano desejo de ser um santo impressionando multidões? E se a explicação
que eu dei esta tarde para o clamoroso falhanço do meu ouvido interior fosse
apenas uma engenhosa forma de sair em grande com a espectacular destruição do
dogma da Escritura e tudo isto fundado numa pretensa revelação de Deus? Que
monstro eu seria! De facto – considero eu agora mais uma vez – ou o que escrevo
é uma autêntica Profecia, ou eu não posso ser outra coisa senão um monstro. Era
este peso todo que me esmagava quando, deliberadamente, à procura de uma ajuda
do Céu, abri o Livro do profeta Vassula e desta vez foi o olhar que se me colou
exactamente ao início da fala de Miguel, o Arcanjo que desde criança sempre me
empolgou, por ser o executor atento e fulminante das Ordens do Altíssimo. Diz
assim o meu Arcanjo-Herói: “Menino de Deus, não tenhas medo (…). O Omnipotente
tem a Sua Mão estendida sobre ti. Escuta-O, quando te fala, porque Ele tem
grandes planos a teu respeito (…). Eu ajudarei
todo aquele que deseja vencer o Maligno e, no Pai e pelo Pai, submeterei
a obra do Demónio (…). Louvado seja o Senhor. Permanece no Seu Coração e
lembra-te: Ele falou-te verdadeiramente” (27/8/92).
O Senhor é o meu único Amigo!
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