Ouve-se dizer que fulano de tal, cristão, se converteu ao islamismo e
vice-versa. Ou que alguém, ateu, se converteu à fé em Deus. Mas eu, que sempre
fui cristão, bom padre, bom frade, afirmo que há dezanove anos vivi um processo
de conversão que ainda continua…
25/3/96 – 3:40
É feito de longos troços de aridez o caminho da nossa conversão. Da minha, pelo
menos, porque é diverso o caminho, para cada um. Mas é sempre difícil, semeado
de obstáculos e perigos, porque é longe e acidentado e inóspito o território
onde por nossos pecados viemos parar. Por isso converter-se não é mudar de
religião, não é passar de agnóstico a crente, não é passar de não praticante a
praticante de actos de culto. O que passou a ser cristão, o que passou a
acreditar, o que passou de passivo a activo na sua fé – nenhum destes ficou por
esse mesmo facto convertido. A conversão não é um acto, não é um momento; é um
processo. Eu, que desde nascença sou cristão, que fui frade, que fui padre, que
sempre admirei e amei Jesus, estou ainda amarrado à terra da minha escravidão,
lutando para dela me desenvencilhar. E tão penoso é este caminho de regresso,
tão fortes são as amarras que nos prendem à terra onde tão laboriosamente
alevantámos as obras todas das nossas mãos, que me pergunto, às vezes: estarei
eu, no fim da minha vida terrena, totalmente
convertido ao meu Senhor e meu Deus? E estou concluindo que não: só no Céu,
depois da nossa decisão definitiva pelo Senhor à hora da nossa morte e depois
daquilo que houver ainda a limpar em nós no Purgatório, poderemos falar de
conversão total. Sobre a terra não há um único convertido, nem um sequer!
Justos, totalmente justos, houve sobre a
terra dois seres humanos: Jesus e Sua Mãe. Mas mesmo Esses, quem Os visse, não
o notaria, porque Eles carregavam na Sua carne em tudo igual à nossa a
injustiça da Humanidade inteira e o ódio de Satanás. Celebra hoje a Igreja esse
Momento em que pela primeira vez se juntaram esses dois Seres: foi quando a
Donzela de Nazaré pronunciou aquele “SIM” e n’Ela surgiu a primeira célula do
Corpo humano de Deus. E nesse Momento fez o Pai descer à terra o próprio
Caminho da nossa conversão. Não há agora que enganar: o Caminho é Ele!
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