Escrevia “há mais de ano e meio” quando gravei nos Diálogos a mensagem
que aqui incluo hoje, passados já mais de dezanove
anos a escrever praticamente todos os dias, à espera da sua divulgação integral
que ainda não sei quando acontecerá. Continuo no entanto a crer firmemente em
que acontecerá quando menos esperarmos, na Hora mais oportuna.
11/4/96 – 4:41
Mas foi 4:01 a primeira imagem que vi, a
dizer-me: anuncia, pela Força do Espírito, a Luz! E esta agora: Anuncia,
anuncia a Luz! E eu paro, tentando captar o Desejo deste Coração que me
seduziu. Como faço este anúncio? Ainda sempre e só escrevendo? Conformei-me já
com este montão de folhas: será montanha, terá o tamanho que Ele quiser. Sei,
aliás, que é nada ainda o que está revelado sobre o Mistério: Deus é
inesgotável. E penso às vezes que quando vier a fase pública da minha vida
falarei mais com gestos e atitudes, porque palavras…bastará apontar estas
páginas. Estou pressupondo que vou ter uma vida pública e que estas páginas
serão lidas por milhões. Mas devo deixar aqui registada a tremura que me vai no
coração: como sairão estas folhas aqui de cima da minha cómoda para o mundo
inteiro? Tem que acontecer um milagre: as pessoas a quem as dei rejeitaram-nas
e suspeitaram de desequilíbrio psíquico, inclusivamente a minha irmã. E ouvir-me, onde tenho eu um
púbico que me ouça? Vou de megafone para as ruas? Que tenho eu que possa atrair
as pessoas e predispô-las a ouvir-me? Se eu tenho acanhamento em revelar, mesmo
a pessoas singulares, este acontecimento da escrita e as pessoas a quem por
vezes timidamente falo da minha Fé me ouvem desinteressadas, como se de assunto
meramente privado se tratasse… O que se passa na maior parte dos casos é ver-me
eu encobrindo o que se passa comigo, como se, revelando-o, estivesse a deitar
pérolas a porcos, sujeitando-o a ser achincalhado. Não, não quero mal às
pessoas por isso, não estou a julgar os meus semelhantes; estou só a constatar
o facto. É como se a Fé que sinto e escrevo fosse um inestimável tesouro que eu
tivesse por missão juntar e guardar intacto até ao momento em que o seu Dono mo
viesse pedir. Sinto cada vez com maior nitidez que só a Ele pertence este
tesouro e portanto exclusivamente a Ele pertence também a decisão sobre o tempo
e o modo de o distribuir, porque para distribuir ele é certamente, não só
porque isso me foi dito muitas vezes, mas pela própria natureza do tesouro.
Tem, pois, que acontecer um milagre.
Espectacular ou silencioso, eu creio que o prodígio vai aparecer. Mas que me
quer o Senhor neste momento com aqueles Sinais? Estou sempre de orelhas
afitadas, à espera de um Sinal do meu Dono. Estou assim há mais de ano e meio e
até agora só pequenos recados Ele me mandou fazer. Tem é passado os dias e as
noites a treinar-me, sujeitando-me a difíceis exercícios, a provas muito duras,
às vezes. Mas o que torna tudo mais penoso é o território que Ele escolheu para
este estágio: à medida que o tempo passa, o território torna-se cada vez mais
árido e até a esmagadora beleza das medonhas escarpas e arrepiantes
desfiladeiros do Deserto desapareceu agora. Que anuncio, Mestre? Que queres de
mim?
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