Posso dizer que ando, desde o início destes Diálogos, sempre,
obviamente, pela Mão segura do Mestre, à procura do Coração, talvez porque,
desde que me conheço, eu sentia que não poderia haver dois centros em nós e
depois, no decorrer dos estudos que tive que fazer e no embate directo com a
muralha do Senso Comum, do Razoável, do Meio (em que está a virtude!), cada vez
mais eu desconfiava da Razão, à medida que via fazer dela a deusa suprema deste
mundo…
24/3/96
- 14:42:42
Mais uma vez: não é possível (perante estes
algarismos-Sinais) falar de coincidência ou acaso. Resta a hipótese de atribuir
a um poder maléfico o que está acontecendo. Este poder estaria eventualmente
interessado em que eu passasse a depender dos algarismos como de força mágica,
manipulando-os depois a seu bel-prazer. Em vez de uma Fé viva e sadia em Deus,
eu passaria então a estar escravizado por uma doentia superstição.
E agora? Como posso demonstrar que os
algarismos são Sinais de que Deus Se serve para me guiar e são, portanto, pura
Graça descida do Céu? É esta realmente a minha convicção, mas perante qualquer
tribunal da ciência e da razão seriam todos os argumentos que eu apresentasse
considerados improcedentes e se por qualquer motivo esta minha prática
perturbasse a ordem da Cidade, eu seria irremediavelmente condenado. Eu poderia
aduzir em minha defesa que o facto de eu admitir a hipótese da superstição
revela lucidez da minha parte e que portanto eu não estou doente. Mas isso só
teria algum efeito prático se eu não incomodasse a Cidade com a minha
convicção. Porque a partir do momento em que , interpretando 42 como anúncio
público e agindo em conformidade, passasse a infringir normas e dogmas da ordem
estabelecida, até a minha eventual
lucidez passaria a ser considerada sinal de demência, porque - diz-se na
Cidade - o génio e a loucura são irmãos igualmente perigosos. A Cidade é muito
mesquinha e não sai da mediocridade.
Assim me encontro inteiramente abandonado
nas Mãos do meu Senhor. Inclusivamente a frieza racional com que hoje escrevo a
estou sentindo como desejada por Deus para ensopar com o Seu Amor a carne,
naquilo que ela tem de ciência e de razão, a fim de destruir uma e outra, para
que fique só o coração. É preciso que no homem volte a existir um único Centro.
É preciso que o homem volte a ser uno e indiviso. Lembro-me agora da imagem do
início desta vigília: 3:03. Ela visualiza bem o Ensinamento de Jesus: assim
como a Trindade Santíssima é Una no Coração, também no homem, criado à Sua
Imagem, é o coração que tudo unifica. E mais me está dizendo Jesus: é o coração
que, unificando cada homem em si, o torna um com Deus e o torna, no Coração de
Deus, UM SÓ com os outros homens. E é esta a Paz, de que vai renascer a Igreja.
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