Jesus nunca disse que o Seu Caminho seria
agradável ou fácil; o que sempre prometeu foi a nossa Libertação para uma Nova
Terra e para um Novo Céu. E foi o Único que até hoje nunca falhou; nós é que
sempre até hoje nos recusámos a seguir o Seu Caminho.
11/11/95
– 11:21
Não te canses de escrever! – ouço eu o Céu
dizer-me, carinhosamente, a todo o momento. Dá testemunho, sê o mártir da Luz!
– é o que me dizem aqueles algarismos. Então eu escrevo, creio que mesmo morto
continuarei a escrever: é preciso que o mundo saiba o que se passa no meu
coração! Porquê? Que tem o meu coração de tão importante para o mundo? Foi
mesmo agora que o Senhor mo disse, acompanhado de uma carícia da Mãe: o meu
coração é o lugar onde poderão vir buscar alimento para a sua Fé todos aqueles
que gostariam de acreditar, mas que nunca nada viram. Ao descrever sempre a
minha paisagem interior, esteja ela como estiver em cada momento, ela será
força para todos aqueles que se sentirem desalentados na busca da Face do
Senhor. Relatando tudo o que no meu mundo interior se passa, eu estou iluminando
os estranhíssimos Caminhos do Senhor e estou dizendo que a santidade não é só
para místicos ou frades. A minha biografia faz o resto: eu sou frade, eu sou padre, eu sou leigo, eu
sou casado, eu sou pai, eu sou um profissional da Cidade, eu sou mesmo um
divorciado! O meu coração revela um ordinaríssimo caminho de conversão e de
busca do Senhor: não há espectaculares Sinais vindos do céu, não há chocantes
reviravoltas, não há arrebatamentos
místicos, não há vozes vindas do Céu que eu tenha captado distintamente,
não há uma única visão de uma única Personagem celeste! Eu sou talvez o mais
opaco e rude espírito que existe à face da terra. Depois eu fui sempre um bom
cristão: nem sequer tenho a vantagem de ter sofrido o marcante abalo de uma
espectacular conversão.
Eu só tenho os meus Sinais! Sinais débeis,
falíveis, inteiramente subjectivos: ninguém os vê senão eu e o seu significado
sou eu que lho atribuo e ninguém me garante a autenticidade da minha
interpretação. Por isso transporto sempre comigo a carga das minhas dúvidas,
dos meus sustos, das minhas perplexidades, dos meus pelo menos aparentes
fracassos. Sou assim atirado aos baldões através do negrume da Noite e do
Deserto quantas vezes para situações-limite! Esta que atravesso agora, por exemplo,
em que o próprio Céu me chegou a cansar e a enjoar. É uma situação terrível esta, em que não há mais saída: ou
eu curo e me salta do rochedo de novo a torrente da Vida, ou continua em mim
esgotando-se a vida até ao fim do fim – e eu morro irremediavelmente. Numa
situação destas, nem os Sinais funcionam – até dos Sinais desconfio, até os
Sinais cansam e enjoam! A que me posso eu, pois, agarrar? Aos Sinais. Sempre e
só de novo aos Sinais! Não vejo outra hipótese de continuar vivendo. Por mais
falíveis que possam parecer os Sinais. Por mais subjectivos que possam parecer
as interpretações dos Sinais: Deus não exige de nós nada para além daquilo que
em cada momento o nosso ser pode dar. Esta é toda a Objectividade que Deus quer
de nós. Objectivo, para Ele, é aquilo que em cada momento nós somos. Ele não está à espera de
nada. Nada Lhe podemos dar, a não ser a nossa vontade de O encontrar. As vias
por que O procuramos são-Lhe todas muito queridas, Ele leva-as todas a sério.
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