Nada de grande pode acontecer na História sem um grande sofrimento
prévio. A coisa maior que nos pode acontecer é encontrar Deus com o coração. A
nossa reacção é imediata: queremos ser nada. E mesmo que ninguém entenda
porquê, nós entendemos muito bem: nós quisemos ser tudo sem Deus; agora
queremos ser nada, para que Deus volte a ser Tudo em nós. Entramos então num
caminho difícil mas exaltante…
30/10/95
– 8:58:48
Interpreto estes algarismos como Sinais de
que devo continuar dialogando com a Senhora. Jesus está presente, a dizer que
são d’Ele as Palavras trazidas pela Senhora.
– Olha, Mãe, porque me não deixaste dormir
mais, depois do fim da vigília?
– Não te deixei dormir mais, Eu?
– Eu pedia-Te que me deixasses dormir.
– E Eu não te deixei dormir?
– Eu não dormi – este é o facto.
– Já imaginaste um filho a pedir à mãe que o
deixe dormir e a mãe a impedir que durma?
– Já. Antes da hora das prendas, no Natal,
por exemplo. Antes da chegada de alguém muito querido, o pai por exemplo, para
que esteja desperto à hora a que ele vier.
– Sentes que o mesmo se passa, no teu caso?
– Sinto, Mãe. Eu sei com o coração que algum
objectivo tem esta insónia a seguir à vigília.
– Deixas-me dar-te um xi-coração muito
apertado, Meu filhinho?
– Se deixo?! Ando a pedir-Te isso há tanto
tempo…
– Somos muito maus, Nós, aqui no Céu, não
somos?
– Ah, sim! Exigis tanto…
– E tu? Achas mal? Queres desistir?
– Nem por sombras!
– Por que forma sentes a Nossa exigência?
– As vigílias, as insónias, a escrita, o
desinteresse pelas coisas da Cidade, a secura. Sobretudo esta horrível secura.
– Qual o efeito da secura?
– Com o coração seco, fixo a atenção em
qualquer coisa que tenha à frente.
– Dá, dá esse exemplo.
– Por exemplo nas formas do corpo de uma
mulher.
– E outra consequência da secura é…
– Agarrar-me mais ainda ao Céu.
– Mais algum efeito da secura?
– Sim. Hesitações, dúvidas, desânimos
momentâneos.
– Mais algum efeito ainda?
– Vários ainda, talvez.
– Tenta encontrar outro.
– Não estás a ser muito cerebral, Mãe? Não
Te julgava neste papel. E isto depois desta insónia… Não tens pena da minha
cabeça?
– Eu gosto muito, muito de ti. Diz. Diz
outra consequência da secura.
– Nervos, más disposições, no trato com as
pessoas.
– E é tudo?
– Falta uma! Falta uma e acho que é a mais
importante!
– Ah sim?
– Sim, Mãe! E sinto agora que foi esta a
razão da Tua insistência! Tu és mesmo o Teu Filho chapadinho, a ensinar! Posso
dar-Te um xi-coração muito apertado?
– Havemos de dar um xi-coração que nunca
mais esqueças.
– “Nós”?
– “Nós”, meu filhinho, escreve, não tenhas
receio. Está na hora de dizeres qual é o outro efeito da secura, não?, esse tal
mais importante.
– A consciência da nossa nulidade.
– Revê agora todos os efeitos que registaste
anteriormente. Que te dizem eles agora?
– Que sou muito frágil. Que sou impotência
pura, sozinho.
– Somos muito maus, Nós, aqui no Céu, não
somos?
– Ah, Mãe, não sei que hei-de dizer. Só me
apetece mesmo dar-Te um abraço tão, tão apertado… Então é isso: estiveste a
explicar-me o porquê dos Caminhos do Pai!?
– Estive. Há alguns mauzões na terra a quem
o Céu resolve explicar os Caminhos do Pai.
– Que Te faço, Mãe? Conseguiste abalar-me
todo nesta secura.
– Com quê?
– Não sei. Com um gostoso “fluido”, suave e
forte.
– “Piegas”?
– Acho que sim. Bendita pieguice!
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