Como professor, tive anos bons, anos menos
bons e até um ou outro ano francamente mau. O primeiro ano depois deste
encontro com Jesus como o meu Mestre exclusivo, foi destes: francamente mau.
Mas eu conversava tudo com o Mestre. E Ele foi-me abrindo perspectivas e
recolocando tudo no seu lugar…
18/10/95
– 19:38!
– Mestre, não sei dar aulas.
– Agora, depois de tantos anos a leccionar?
– Agora, sim. Não sei o que se passa… As
coisas correm-me mal. O ano passado, foi o que se viu; este ano, estou com
dificuldade em remotivar os alunos. E o pior é que penso que o culpado és Tu!
Sinto-me mal… Não sei o que hei-de pensar nem o que hei-de fazer. Há pouco
criei um conflito com uma parte dos alunos de uma turma: eles disseram que eu
sou exigente, intransigente, anti-democrático.
– Diz em que consiste concretamente o teu
problema.
– Acho que é este: quero que eles cresçam em
direcção a Ti e por isso os provoco, para que se lhes revele o coração.
– E onde é que está o mal?
– Não sei se é mal.
– O quê? Provocar as pessoas?
– Provocar assim as pessoas numa aula de
Português.
– O problema está na provocação ou nas aulas
de Português?
– Não sei. Neste momento há uma
desorientação aqui dentro…
– Uma desorientação o que é?
– Etimologicamente é um desvio da origem, do
lugar onde se nasceu…
– Vá, pobre professor, tira conclusões.
– Quem está, ali na sala, desviado da
origem? É que não sei.
– Talvez todos, não?
– E como fazemos para voltarmos à origem?
– Primeiro é preciso encontrá-la, saber onde
ela se encontra, a Origem.
– A Origem eu sei: és Tu. Mas como se volta
a Ti numa aula de Português ou Latim?
– Talvez provocando, não?
– Só se for. Voltar a Ti é difícil. É
preciso sermos provocados…
– Consideras-Me o teu Mestre?
– Tu sabes que considero.
– Relembra o Meu Evangelho, onde está
escrita a Minha actuação em carne igual à tua.
– Ah! Em cada página há uma provocação…
Estou vendo.
– É aí que Eu queria que te fixasses. Diz o
que vês.
– Que
Tu provocas em todas as situações concretas em que sucessivamente te encontras:
na sinagoga e no barco, na rua e na casa particular. Serves-Te das situações em
que as pessoas se encontram para as abalar por dentro.
– Abalar, Salomão. Queres chegar ao coração
dos teus alunos?
– Quero, quero!
– Não tenhas medo. Lembra-te: “Não penseis
que vim à terra trazer a paz”
– Então é esta a minha sina?
– O grande Dom que o Espírito sempre realçou
em ti.
– Mas as consequências… Tu bem sabes o que
tenho sofrido por causa disso.
– Não consegues ainda ver Dom na Dor?
– Mestre bom! Eu só quero que me digas se estou
a fazer bem.
– O Bem também está oculto aos vossos olhos.
De tal forma que reconquistá-lo parecerá mal aos olhos de muitos.
– Tu sabes, Jesus, o barulho que está neste
café. É um milagre ouvir-Te aqui.
– Como será milagre ouvirem-Me os teus alunos
numa aula de Português. Mas tem confiança: como tu Me ouves aqui, assim também
eles Me ouvirão em ti.
– E a matéria, o programa?
– Dá-o a César: é dele!
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