Atenção: se ler a mensagem seguinte, não tire a conclusão de que eu sou
uma pessoa solitária, ensimesmada, triste. O que vai ler refere-se apenas ao
Segredo que transporto. Sei que ele transformará a Terra quando chegar a Hora.
Só por isso falo em Solidão e Deserto - porque a Hora ainda não chegou. Entretanto enche-me o coração uma
permanente boa disposição, que julgo ser aquela “perfeita alegria” de que
falava Francisco de Assis…
27/9/95 – 2:20
As
Testemunhas, no Dia do Senhor, terão que ser um espectáculo de Fé e de
Fidelidade, quer no tempo da tribulação, quer no tempo do triunfo. Porque
destes dois tempos se compõe o Dia do Senhor e é por isso necessário que as
Suas Testemunhas tenham sido provadas com todo o tipo de sofrimento, através de
uma longa caminhada no Deserto. E eu diria que o Deserto foi o território da
minha habitação desde o dia em que nasci. De facto, foram raros os momentos em
que a Solidão não foi a minha companheira, como se só de longe a longe me
cruzasse no Deserto com uma caravana em trânsito ou calhasse de encontrar no
caminho um oásis onde mais descansadamente a minha sede se saciasse e as minhas
forças se restaurassem. Mas dentro de mim sempre o apelo do mais longe me fazia
prosseguir. E novamente um longo tempo de solidão e silêncio a envolver a minha
caminhada teimosa, tantas vezes louca para os meus fugidios companheiros de
cada oásis, para mim próprio até. Que
procuro eu assim tão longe, que não descanso? Porque não me instalo num dos
oásis, porque não acompanho qualquer das caravanas que passa em direcção à
Cidade? Porque não sossego, porque não paro de vez? Essas veleidades de
encontrar misteriosos tesouros escondidos no deserto costumam passar com a
juventude; porque não passaram em mim? Onde penso eu que vou? Não vês que o Deserto não tem fim e
se o tem é longe demais para que se alcance numa vida? – dizem-me todos, uns de
olhar benevolente, outros de sorriso escarninho, todos meneando a cabeça.
Alguns pouquinhos ficam olhando-me durante muito tempo enquanto me afasto, com
admiração e até uma secreta inveja no coração. Mas até agora ninguém ainda me
acompanhou. Alguns ainda chegaram a dar alguns passos comigo, mas depois da
primeira noite no Deserto olharam na manhã seguinte o horizonte vazio e
voltaram para trás. Eu bem lhes dizia: Ainda não é aqui, é mais além… Mas eles abanavam
a cabeça e diziam: Além aonde? E se não há nada além? E eu nunca conseguia convencê-los, eu nunca tenho
argumentos. Eu só tenho uma teimosa bússola dentro de mim com aquela setinha
tremelicante que, mal paro, lá está ela apontando o Norte, mal me desvio lá
começa ela naquele seu tremelicar que não pára enquanto não tomo de novo o
rumo.
E aqui estou, às 3:57 de mais uma noite no
Deserto, vigiando, registando cada impulso, cada pontada, cada baque do meu
coração. Aqueles algarismos, por exemplo, a dizer-me que do alto a Plenitude de
Deus me olha e subtilmente me está imprimindo no coração a Sua Marca, que junto
de mim o meu encantador Guia observa os movimentos da minha caneta com tanta
atenção que parece estar Ele próprio guiando-a, que nunca me esqueça de que o
meu nome é Pacífico. E neste passo pára-me o coração um momento, ao advertir em
que o Meu Guia, ali assim também tão só comigo, é, Ele próprio, o Príncipe da
Paz! Não Lhe digo nada, Ele não quer que se fale nisso agora, que agora o tempo
é de caminhar, de registar todas estas coisas no papel, de as guardar no
coração.
Sem comentários:
Enviar um comentário