Os meus habituais Interlocutores destes
diálogos são Deus nas Suas Três Pessoas, particularmente Jesus; e Maria. É
muito raro o diálogo com outros interlocutores, de que se destacam Simão Pedro
e o Arcanjo Miguel. Com habitantes anónimos do Céu nunca tinha falado. Foi, por
isso, uma enorme e doce surpresa quando, de repente, senti uma presença
vivíssima da minha mãe terrena, pequenina e anónima a vida inteira.
19/10/95 – 1:48
Já tempos atrás foi especialmente viva em
mim a interrogação e o desejo de contactar com os que partiram já deste mundo.
Pois a Mãe do Céu pôs-me em contacto com a minha mãe da terra, falecida há
vários anos, a minha mãe também chamada, como a do Céu, Maria. A espaços, eu
duvidava do que estava a acontecer – eu sempre duvido e a minha dúvida, por
estranho que possa parecer, parece constituir a fonte que sempre desperta e
alimenta a minha Fé. O diálogo que tive com a minha mãe terrena foi muito
lindo, uma autêntica surpresa: aí se revelou ela, a minha analfabeta mãe,
possuidora de um completo conhecimento não só dos segredos da minha alma e dos
de Deus a meu respeito, como de uma elevadíssima capacidade de expressão nas
mais diversas situações. Assim como, diríamos nós, uma doutora da Igreja! Foi
por isso que, a certa altura lhe perguntei se ela estava já no Céu. E foi com
muita determinação que ela me respondeu que sim. Foi aqui que eu duvidei, de
forma especial. E então ela explicou-me, como um mestre, que Deus é pura Graça
e por isso Lhe basta um instante, o do nosso sim à hora da morte, para de todo
nos purificar, transformando em remédio todo o sofrimento de uma vida inteira,
levado com resignação. E fez-me recordar o quanto ela sofreu toda a vida, a minha
pobre mãe, a que junto agora a sua morte, de cancro, reduzida a 25 – vinte e
cinco quilos, depois de largo tempo de dores, por certo progressivamente
atrozes, que ela suportou sempre com rosto sereno, onde só uma leve sombra se
lhe notava, de quando em quando. Diz ela que tudo isso, todas as dores da sua
vida, as do corpo e sobretudo as da alma, o Senhor lhas contou, todas-todas,
mesmo aquelas que Lhe não ofereceu, aquelas em que a própria dureza da vida não
dá tempo nem espaço para elevar a alma a Deus. Estava feliz, a minha mãe, feliz
naturalmente por estar no Céu, mas sobretudo por me saber objecto de especial
predilecção do Senhor. Diz que também o meu pai José está no Céu e que ambos
acompanham muito de perto o caminho por onde o Senhor me conduz. Pede-me que
seja sempre humilde e fiel. Disse isto tudo com a serenidade e a elevação de
uma mestra, o que muito me espantou. Mais disse que Mãe agora só tenho uma e
que ela própria, embora de vez em quando me chamasse filho, é em verdade minha
irmã. Minha irmã – insistia ela. E apontava a nossa Mãe comum, que assistia
sorridente.
Adorei, Paz e Bem
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