A
Cidade ou, numa designação mais englobante e abrangente, a Civilização é,
nestes Diálogos, o conjunto de toda a Obra edificada pelo homem, seja um
prédio, seja um computador, seja a Declaração universal dos direitos do homem. A
mensagem seguinte mostra como Deus vê esta nossa Obra.
19/10/95
– 8:32:00
Estou com uma tremenda “indisposição” – é
assim que nós dizemos na nossa linguagem habituada a exprimir-nos longe de
Deus. Nesta linguagem, Deus não intervém minimamente ao nível físico ou
biológico ou até psicológico; intervirá, quando muito, ao “nível” que
vulgarmente chamamos “espiritual”. Dizemos então que as nossas “boas
disposições” ou “indisposições” têm a ver com o tempo, com a temperatura ou a
estação do ano, com as boas ou más digestões, com a maneira como nos “corre” a
vida. Também a este nível não admitimos a intervenção do Demónio, mesmo que
admitamos a sua existência. Deus e o Demónio intervêm só no território das
grandes opções ou dos misteriosos acontecimentos que determinam as linhas
mestras da vida. Comportamo-nos, enfim, como se houvesse um território só
nosso, constituído pelo nível mais rasteiro da nossa existência onde os poderes
sobrenaturais não tocam, ou por respeito pela nossa propriedade e autonomia, ou
porque se não dignam “sujar as mãos” com coisas ou assuntos tão baixos para a
sua superior categoria. Este seria, pois, o território da nossa autonomia e
também da nossa solidão, de que nos compete desenrascarmo-nos com as nossas
próprias forças.
Que posso eu, então, fazer com a minha
indisposição de hoje? Tomar uma pastilha? Esperar que passe? Mandar vir mais um
café que me espevite? Todos nós temos bem no fundo a convicção de que estes
“nossos” remédios são falíveis e de efeito passageiro. Assim, aquela nossa
convicção acaba por virar impotência e angústia, reforçando-nos a solidão. É
claro que a tentamos mitigar, agarrando-nos a “valores”, também estes
imanentes, também eles produto da nossa grotesca tentativa de em última
instância esconjurarmos a transcendência. Mas de novo tudo falha, até os
“valores”, esta coqueluche da nossa dignidade. Assim também de “valores”,
diríamos que especialmente de “valores” se constrói a Cidade, o Monstro de
barro e amarelidão que nos esmaga e desespera. A Cidade é, pois, também e
sobretudo constituída pelas grandes “conquistas morais”, como sejam a abolição
da escravatura ou a emancipação das classes trabalhadoras ou a luta pelo fim de
todas as discriminações. Tudo obra do “espírito humano”, tudo obra das nossas
mãos! Olhamos então para a obra feita e não estamos longe de gritar que a curto
prazo dispensaremos completamente Deus, esconjuraremos todos os poderes do Mal.
Atenção, gentes: a mais monstruosa construção da Cidade não é a de granito, ou
de mármore, ou de cimento ou de “soft e hardware”; é a dos respeitáveis
“valores”, do pomposo “património moral da Humanidade”!
Isto, este refinado rosto de
respeitabilidade, tornado intocável por gerações e gerações de Racionalismo,
canonizado até pela Igreja de Jesus em momentos de fragilidade revestida de
autoridade – isto que constitui a maior glória da Besta, o grande sol da sua
Cidade de morte, isto tudo vai dar um monumental estoiro no Nono Dia não sei
como, não sei se ao romper da manhã ou no seio da noite, mas eu acredito no
impossível Milagre. É que Deus vive aqui, no meio de nós. Mais: vive em nós. E acredito também que o Demónio
existe e tem um ódio de morte a Deus e a tudo o que Lhe pertence. Por isso está
também aqui manipulando tudo quanto pode para encurralar e asfixiar o Espírito
de Deus no coração do homem, paixão máxima do Criador. Por isso está na origem
e aos comandos da minha má disposição, porque ele está na origem e aos comandos
de tudo quanto é mau. Pretendia ele, por este processo, que eu desistisse da
minha busca de Deus, impedindo-me de escrever, por exemplo nesta concreta
situação. Mas o Mestre é Mestre mesmo. E a mestria de Jesus está nisto: Ele
usou a própria energia do Demónio para a voltar contra ele, desmascarando-lhe
com a minha caneta o demoníaco plano do “património moral da Humanidade”.
Assim, aquilo que na intenção e na mão de Satanás era instrumento de morte virou
na Mão de Deus fonte de Luz para muitos. Deus está aqui, gentes! E pode fazer
até duma “casual” má disposição uma potentíssima escavadora demolindo,
imparável, um bairro inteiro, o bairro chique da Cidade de Satanás!
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