A partir daqui as
mensagens são retiradas do quinto volume destes “Diálogos do Homem com o seu
Deus no Tempo Novo”. Continua a experiência do Deserto, feito da nossa Obra
esboroando-se continuamente, e de um alto, fundo e largo Silêncio, onde um outro
Mundo começa a tomar forma, jorrando todo de dentro de mim – de nós.
Cometido por Lúcifer o Primeiro Pecado, e
tendo nós - o Homem dado o nosso sim ao seu megalómano Projecto de
dispensar e suplantar Deus, iniciámos, sob a sua chefia e controle, a nossa ambiciosa
Obra, que haveria de ofuscar a Obra de Deus. E temo-la agora, a nossa Obra,
erguida tão alto, que nos chega já ao Céu, cuja amplidão começámos já a
conquistar e a colonizar. Chamamos a isto Civilização. É, obviamente, uma Obra
intrinsecamente perversa. E, como tal, vai cair com estrondo, muito mais
depressa do que julgamos.
14/10/95
- 8:38
!
Vem aí uma Novidade Radical, Novidade de tal
ordem, que implica a destruição pura e simples da Cidade antiga, a que chamamos
também, orgulhosamente, Civilização. Tamanha Novidade, que implica a abolição
do próprio anátema pronunciado pelo Coração ferido do Criador no Paraíso!
Ouçamos todos, gentes: estas Palavras saídas do Coração de Deus dilacerado de
Dor - “Comerás o pão com o suor do teu rosto!” - esta Sentença do Criador virado naquele
momento Juiz Justo, foi cravada com Cristo na Cruz e anulada! Jesus aboliu o
Grande Anátema, com o Seu Corpo Entregue, com o Seu Sangue Derramado.
Definitivamente, gentes! Para sempre!
São l0:l6. Foi Jesus que me levou a ver esta
imagem: Satanás, a “Serpente antiga”(Ap 20, 2), continuou porém no mundo onde
descera a Luz e o Espírito e em breve, com a sua voz sedutora, arrastou de novo
os homens para o pecado da Independência e para melhor lhes barrar o caminho de
retorno ao Paraíso que Jesus franqueara na Cruz, convenceu-os de que era esta a
sua definitiva condição: viver e reproduzir-se no trabalho e na dor (cfr Gn 3, 16-19). Acenou então ao homem com a possibilidade de mitigar o seu
sofrimento através da ciência. Mais - e nisto consiste a tentação suprema, a armadilha mais
refinada de Satanás: ele meteu no coração do homem a crença na possibilidade de
contrariar o anátema do Criador, libertando-se do sofrimento por suas próprias mãos! E nasceu aqui a
Civilização. Toda a Civilização é obra de Satanás! Começou com o primeiro
objecto fabricado pelo homem, o cinturão de folhas de figueira que colocou
sobre os rins (cfr Gn 3,7) e continuou depois com a sedentarização.
Sedentarizar-se é fazer-se centro, instalar-se e passar a mutilar a Natureza,
transplantando-a para longe donde nascera, colocando-a ao seu serviço,
forçando-a a adaptar-se ao novo centro, este centro donde não jorra a vida,
porque a Árvore da Vida ficou lá, no Paraíso, do fruto da Árvore da Vida Deus
não permitiu que o homem comesse, Deus não deixou o tenebroso Lúcifer chegar
tão longe. Ao contrário de Caim, o sedentário, Abel, segundo o mesmo preceito
de Deus para os dois, domina a terra indo ao seu encontro, servindo-a na sua
propositada deficiência para que o homem se sentisse criador, ao guiar os
rebanhos para pastagens sempre verdejantes com o seu superior olhar de Imagem de Deus, acompanhando-lhe os
ritmos, recebendo-lhe, agradecido, os dons, quer da sua componente animal - dons não manipulados, leite e mel -, quer da sua componente
vegetal - a água, a
sombra e o fruto. E descobrindo-lhe o mistério. Sobretudo descobrindo-lhe o
mistério, a pouco e pouco, progressivamente deslumbrado perante a Sabedoria do
Criador. Abel é a prefiguração de Jesus, o Bom Pastor. Um pastor é nómada. A
Civilização é sedentária, é obra de Caim.
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