Como faço? Tento o diálogo com o meu empolgante Arcanjo Miguel, com o meu discreto e fiel Anjo da Guarda Simão Pedro e vejo-os firmes no seu posto, prontos também para o Acontecimento que todos esperamos, mas mudos. Procuro um Salmo para me ajudar em tamanha aridez e cai-me de repente no espírito, vindo não sei de onde, “vinte e seis”. Ora pela nossa lógica esta indicação não poderia ter vindo do Céu: acabo de declarar que todo ele está quieto e mudo. Também não tem lógica que tenha vindo do Demónio: não é próprio dele indicar-nos orações para rezarmos, em especial num caso destes em que todo o meu desejo é unir-me a Deus. É verdade que ele também utiliza a Bíblia para sorrateiramente desviar as pessoas de Deus, como fez com o próprio Jesus no Deserto. Mas aí ele não indicou a Jesus as palavras da Bíblia para servirem de oração, mas para justificar o acto de rebeldia contra Deus que ele estava manhosamente insinuando a Jesus. Também a mim já o Demónio me indicou palavras da Bíblia, mas para me massacrar ou baralhar. Sempre, é claro, lhe foram trocadas as voltas pelo meu Amigo do Deserto. Só pode, portanto, ter sido trazida pelo Demónio aquela indicação se ela me deixar perplexo, ou confuso, se ela, enfim, em vez de me levar à oração, me desviar dela por qualquer sentimento negativo que consiga instalar dentro de mim, como seja o caso da angústia ou da frustração. Mas a minha Fé diz-me que ele nunca o conseguiria, porque Deus sabe da sinceridade com que eu quero seguir os Seus caminhos. Sei, pois, que foi puro Amor do Céu para com a minha Alma dorida aquela citação, mesmo que fosse o Demónio a trazer-ma. Por isso a vou realçar, com toda a confiança:
Sl 26 (25) |
Não sei se alguém sabe o que seja dar um sincero abraço muito apertado sem nenhuma chama ou qualquer pequena vibração no coração. Mas é isso o que me apetece fazer: dar a Deus o maior abraço da minha vida, embora nada sinta no coração. Não poderia haver resposta mais amorosa do Céu para a situação em que me encontro do que este Salmo. Eis algumas palavras, a esmo: “Fazei-me justiça, Senhor, porque tenho caminhado na minha perfeição; no Senhor tenho confiado, não me desviarei. Examinai-me, Senhor e provai-me (…). Tenho diante dos meus olhos o Vosso Amor e caminho na Vossa Verdade (…). Na inocência lavo as minhas mãos e ando ao redor do Vosso altar, Senhor, para anunciar publicamente a acção de graças e narrar todas as Vossas Maravilhas”…
São 7:31!
Sem comentários:
Enviar um comentário