Está claríssimo no Evangelho que a adesão espontânea e generalizada das pessoas à pregação de Jesus não as levou à conversão. No próprio dia da Ascensão, nem mesmo os Apóstolos estavam convertidos: eles esperavam ainda do seu Mestre um reino igual a todos os outros, poderoso e eficiente, que desse a todos os seus súbditos uma situação materialmente confortável e politicamente prestigiante. Estava escrito que todas as nações acorreriam à Montanha Santa, seduzidas pela glória do Povo do Senhor e os Apóstolos logo imaginaram Israel como um respeitado árbitro político entre os outros povos. Também eles o que fizeram foi inserir os horizontes abertos pelas palavras de Jesus nos seus próprios conceitos. Também eles não fizeram outra coisa senão instrumentalizar a coerência e a força sedutora das palavras do seu Mestre ao serviço das suas próprias ânsias e objectivos. Sabemos como só no Pentecostes eles entenderam Jesus e verdadeiramente se converteram.
É deveras intrigante este fenómeno. Parece mesmo que a pregação de Jesus não tinha como finalidade converter as pessoas, mas apenas aplanar um Caminho que facilitasse a caminhada das pessoas quando elas se convertessem; a conversão seria, portanto, um fenómeno diferente, único, individualizado, acontecido de forma misteriosa, repentina ou em progressão muito rápida, na mais estrita intimidade das pessoas, como uma súbita paixão. Mas a Senhora levou-me a recordar esta noite que Deus nunca Se repete. E temos agora, relativamente ao tempo de Jesus, um dado verdadeiramente novo: o fascínio arrasador da Rainha do Céu.
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