E Maria, a minha terna e doce Companheira desta tão devastadora Solidão? Sim, Ela é o único laço ainda não de todo resfriado que me mantém ligado ao Céu. Se não fosse a Sua presença discreta, não sei como poderia ter suportado estes dias. Ela é a única via por onde posso ter ainda alguma comunicação com o Céu. Mas mesmo Ela jaz, às vezes, tão fria como eu, em toda a extensão do meu corpo. Pede-me Ela, no entanto, que atente bem nisto: em primeiro lugar Ela foi agora colocada, conforme está escrito, não num jardim de delícias, mas no âmago do Deserto em que todo este mundo se tornou. Em segundo lugar Ela veio, não como Rainha com o seu séquito, sentada no carro real para observar, atrás da vidraça, a devastação da paisagem e a decomposição dos corpos sem que o cheiro pestilento A atinja, mas veio para ser alimentada do que há num deserto e de forma muito particular neste Deserto, onde agonizam todos aqueles que Deus quer fazer entrar no Seu Ventre bendito para se tornarem Seus Filhos naturais.
E é então como se Maria aqui vivesse agora assim apenas alimentando-Se desta Decomposição e desta Esperança louca. São justamente as duas coisas que eu tenho para Lhe dar em alimento, porque foram as que também eu recebi logo à chegada a este estranho mundo: por um lado fui sendo sistematicamente afundado neste processo de decomposição como se fosse repassado por ele e assim ele se tornasse o meu contínuo alimento e por outro também logo à partida para esta viagem eu fui inserido no louco Sonho de Deus de ressuscitar toda esta aridez e toda esta podridão, numa Novidade tão surpreendente, que deixe toda a terra paralisada de espanto. Assim, na mesma proporção em que fui sendo alimentado da “abominação da desolação” profetizada por Daniel, fui também sendo fortemente nutrido da Esperança em que toda esta terra apóstata volte à felicidade da Casa do seu Pai.
Maria, pois, conforme a mensagem que recebi, está passando por tudo quanto eu próprio vivo. E de tal maneira esta experiência a quer Jesus viva e consistente, que ma faz gravar sem descanso nestas páginas, como se nelas tudo quanto passo se fizesse verdadeiro alimento. Por isso, ao alimentar-Se da minha experiência, Maria está alimentando-Se das palavras abundantes que o Espírito me faz gravar. Por isso sofre e espera comigo. Mas nunca Lhe vi desaparecer do rosto suave aquele sorriso das mães e das enamoradas quando estão sofrendo muito.
São 7:45.
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