– 18:53
Estive toda a tarde, até agora, a mostrar às minhas filhas e suas amigas uns diapositivos sobre o fenómeno da sexualidade e a sua função. Se o acaso não existe, também aqui andou o Dedo de Deus. Assim, é bem possível que este facto tenha alguma relação com o texto do Cântico dos Cânticos, que o Senhor me deu hoje em alimento. É que aquela sessão não foi planeada: estava para acontecer há meses e surgiu de repente hoje depois do almoço. E eu ando assim: em tudo o que me acontece eu tento auscultar a Vontade de Deus!
Porque me deu Jesus este texto, no contexto do Amor de Deus sentido hoje especialmente como Amor de Amigo, Amor de Irmão? Porque me conduziu logo a seguir a um encontro em que mais uma vez se nos revelou a sexualidade como um assombroso prodígio? Não sei, não sei mesmo. E nestes casos peço ao Senhor que me mostre com clareza o que quer que eu entenda, tentando o diálogo com Ele. Estou cansado da cabeça, mas acredito que isso não é obstáculo intransponível à expressão do coração: torna apenas mais difícil o trabalho de verbalização. Às vezes verifico até que é neste estado de fragilidade que mais luminosos saem os conteúdos do Coração do meu Jesus.
– Por isso, Mestre, diz-me o Teu Desejo ao ouvido, para que, no barulho deste café, apesar do meu cansaço, a minha mão exprima o Teu Coração. Que queres de mim, hoje?
– O Amor.
– Com maiúscula?
– Sim. O Meu Amor.
– Eu tenho Amor Teu para Te dar?
– Se não for Meu, não é Amor!
– Então o nosso amor deve estar muito retorcido, muito emporcalhado…
– Destruído totalmente em muitos corações.
– É a isso que Tu chamas morte!?
– A verdadeira morte é a morte do Amor.
– Então o Amor é o Dom do Pai que mais ferido se encontra em nós!?
– Todos os Dons do Pai são Amor.
– Sim, mas…
– Vós de tudo retirastes o Amor, reduzindo-O a uma máscara ridícula! Ninguém conhece o Amor, nem um sequer!
– Quiseste então hoje conduzir-me ao Amor?
– É tão difícil retirar-vos essa máscara que Me dói tanto no Coração!
– Eu vou procurar ouvir, Jesus… Eu… eu ofereço-Te o invólucro de pedra que rodeia ainda o meu coração, para que Tu o partas de vez e o Teu Amor possa circular livremente entre o meu coração e o Teu! Vá, Jesus! Não sei que mais possa fazer. Arrebenta esta carcaça com uma grande martelada!… Se me fizer doer muito não faz mal!…. Se Tu me amparares eu aguento… Força, Mestre!
– Se te partisse de uma vez a carapaça, não sei se aguentarias o impacto do Meu Fogo.
– Não sabes? Sei eu, Jesus: se Tu estiveres aqui e me amparares, eu aguento.
– Eu te abençoo, meu frágil Amor! Recebe a Minha Palavra como Remédio.
– Recebo sim, Jesus. Entorna o teu Remédio em mim…
– Então canta-me as Palavras que te dei.
– Eu sou a Esposa?
– Não queres ser a Esposa?
– Mas eu sou um homem!
– E sendo homem não podes ser Esposa?
– Cá nos nossos usos…
– Nos vossos usos há dois amores diferentes – o do homem e o da mulher?
– Tu bem sabes, Jesus! Cá para nós não se pode assim trocar de papéis…
– Andais então a representar!?
– Ah! Tu há pouco falaste em máscara…
– Homem e mulher são só uma máscara! Nada é autêntico em vós!
– Estás agora falando mais do que é costume…
– A Minha Palavra é uma espada de fogo. Não me pediste que desfizesse a máscara?
– A carapaça.
– A máscara, Salomão! O que é uma máscara senão uma carapaça que encobre e engana?
– Eu devo então ser também Esposa?
– Tu podes ser Amor! Canta-Me o Cântico dos Cânticos, meu pequenino Amor!
– Cantei… isto é, fui ler outra vez.
– Ler! Ler! Quando passareis a cantar o que ledes?
– Ah! Cantar é ler com o coração!?
– Cantar é o coração vivendo.
– O Cântico dos Cânticos não é sensual?
– É Amor , Salomão. Não sei o que é “sensual”.
– Não sabes?
– Dividistes, estraçalhastes o Amor.
– A sensualidade faz parte do Amor?
– Isso é pergunta que se faça?
– Olha, Jesus: porque me retiraste, na Tua citação, a referência à cabeça, ao cabelo e aos olhos do Amado?
– Não andas preocupado em saber se o Amor é sensual?
– Quiseste fixar-me nas referências mais directamente sensuais do corpo – faces, lábios, mãos, peito, pernas?
– E sexo. Não tenhas medo!
– O sexo…
– Passaste os diapositivos para meter medo?
– Não.
– A sexualidade divide?
– “Serão os dois uma só carne”!
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