Quando acontece apaixonarmo-nos por Jesus, o que mais nos preocupa são
quaisquer outros apegos, e queremos largá-los imediatamente, a qualquer preço.
Ora eu tinha sempre um grande apetite e comer era, para mim, sempre um grande
prazer. Pedia então muito a Jesus que me libertasse do prazer do estômago ou,
como eu dizia, que me transferisse a fome do estômago para o coração. E Ele
acabou, de facto, por fazer isso. Mas veja-se como Maria lidava com aquele meu
problema.
18/12/95 – 3:53
– Liberta-me, Senhor! Que queres que eu
faça? Só pedir-Te é fácil; manda-me fazer, fazer coisas, fazer coisas difíceis.
É a minha Mãe que ouço intervir:
– Porque comes tanto, meu filho?
– Porque me apetece, Mãe. Apetece-me sempre.
Não posso ver comida à minha frente!
A Mãe riu-Se. Continua sorrindo.
– E que querias que te fizesse, Meu comilão?
– Que me tirasses a fome do estômago. Que eu
me esquecesse de comer. Queria que me substituísses de vez a fome do pão da
terra pela fome do Pão do Céu.
– Não tens fome do Pão do Céu?
– Tenho. Muita. Mas tenho ao lado, no
estômago, esta outra fome. E só queria ter uma fome. O Teu Jesus não pode ter
rivais em mim.
– Querias então que eu matasse o rival?
– Nem tanto, Senhora; só que lhe desses a
volta e o pusesses ao serviço do Teu Filho. Doutra sorte, quando Ele vier, não
vai ter aqui dentro lugar só para Ele; vai estar aqui este trambolho a
estorvar. Faz dele vassalo que se dobre ao Rei quando Ele chegar. Eu sei que é
preciso comer e que o prazer do estômago me não é proibido. Mas que não
estorve: que se desvie para o lado e deixe passar o Rei, fazendo-Lhe uma vénia
profunda. Que nunca ocupe o lugar do Rei; antes O sirva e se sinta feliz com
isso.
A Mãe ouve, divertida. E é esta Sua atitude
que me encanta, tanto mais quanto é certo que eu não a esperava. Ela não me
ralhou! Ela até achou piada! Ria-Se muito. Acho que nunca A vi rir tanto. É
muito querida a nossa Mãe! Além de que tem às Suas ordens legiões e legiões de
anjos comandados pelo Bom Gigante de Luz que se chama Miguel. Não há, pois,
Demónio que Lhe resista, se Lhe pedirmos auxílio. E eu peço. Queria tanto que
Ela me levasse a agradecer todas as refeições que tomo! Seria este o processo
de transformar o rival em vassalo,
– Não era, Mãe?
– Pois era.
– Dá-me esta prenda, no Natal.
– Mais essa?
– Tinhas pensado nalguma outra já?
– Em várias outras.
– O Céu dá sempre mil por um, não dá?
– Mais de mil. O que o Céu dá é desmedido e
não tem preço.
– Pois não. Basta ter-nos dado Jesus. Vais
arranjar aqui dentro o lugar d’Ele como deve ser, não vais?
– Vou, Meu filho, vou..
– Eu não quero cá mais ninguém a dar ordens,
está bem?
– Está bem.
– Faz isso já este Natal, este ano, este ano
dos nossos que termina daqui a doze dias. Doze, Mãe! Não Te esqueças!
– Está bem.
A mãe sorri, complacente, como qualquer mãe,
com aquele ar misterioso de quem está pensando numa surpresa para nós.
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