– Pareço ter-me feito em pedaços que a
tempestade arrasta pelas praças e atira contra as paredes da cidade. Que é
isto, Mestre?
– É a fúria do teu Inimigo, que desespera.
– E como me reúnes os pedaços outra vez,
Mestre?
– O que vês é o Meu Corpo assim atirado pela
Cidade em pedaços, há séculos. E o Meu Pai já não aguenta mais a Desordem sobre
a terra.
– Se Tu estás assim como vejo agora o meu
corpo, nenhuma mente humana conceberá qualquer possibilidade de ele de novo se
reunir: sou mesmo só pedaços, cada um desaparecido no redemoinho.
– Quem está escrevendo, então, sobre esta
página?
– Não sei… Parece uma força misteriosa,
muito longe.
– Longe?
– É uma tensão que reclama os pedaços…
– Longe?
– Eu sou essa própria tensão.
– Uma tensão é sempre entre duas forças…
Onde está a outra força?
– Nos próprios pedaços.
– Mantêm-se unidos, através dessa tensão,
todos os pedaços?
– É assim que estou sentindo.
– Está então essa força unificante espalhada
por toda a cidade!?
– Sim, onde houver um pedaço do meu corpo,
uma unha que seja!
– És então maior, agora!?
– Sim… Mais amplo. Eu encho a cidade toda!…
– Essa força que assim ocupa o espaço entre
as coisas e assim as une, como lhe chamarias?
– Esta Força, Mestre, que continua sendo o
centro do meu ser espalhado pela cidade, eu sei que é o Espírito Santo.
– Está então cheia do Espírito Santo a
cidade!?
– Sim, até onde a tempestade me levou os
pedaços.
– Desistirá alguma vez essa Força de os
reunir?
– Não! Sinto que nunca desistirá. Parece
mesmo estar intensificando-Se, numa tensão crescente.
– E quando reunir de novo as partes do teu
corpo dispersas, voltará a enfraquecer o Espírito em ti?
– Nesse dia todos os pedaços do meu ser
terão reconhecido a Força que os reuniu e para sempre se Lhe submeterão. O
Espírito será então a energia toda do meu corpo novo e para sempre inteiramente
o comandará, sem nenhuma interferência ou entrave!
– Estás vendo agora, Meu pequenino amigo, o
que fizeram do Meu Corpo?
– Sim, Mestre. É perfeita a Tua maneira de
ensinar! Mas vejo também a tensão que paira sobre Babilónia, de lés a lés;
quando chegar a Hora, o Espírito reunirá os pedaços do Teu Corpo espalhados por
toda a Cidade. E quando esse dia vier, ninguém Lhe poderá resistir, porque Ele
terá atingido a máxima tensão da Espera: a um aceno do Pai, todas as partes
dispersas do Teu Corpo se verão de novo reunidas e o Espírito será de novo o
seu único Coração. Então, por todo o Teu Corpo, circulará outra vez o Teu
Sangue, em impulsos vigorosos, ao ritmo da Harmonia! É só mais um pouco,
Mestre! Sinto que já não falta nada, agora.
– Eu te bendigo, Meu pequenino, frágil
companheiro. Porque permitiste sentir no teu corpo a dor da Divisão, também
nele viverás a alegria da Reunificação!
São 6:40.
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