Encontro-me, de facto, num estado lastimoso: dói-me o corpo, que parece
esgotado agora de todas as energias, e também no espírito me sinto esvaziado,
em flashes momentâneos, mesmo da minha Fé! Pareço assim seguir, sem retorno, o
caminho da impotência pura, da completa inacção. Na verdade, depois deste
último, decisivo encontro como o Mestre e desta vinda com Ele para o Deserto,
aquilo a que eu e porventura os outros temos assistido é ao progressivo
abandono da febril actividade que antes preenchia todo o meu tempo. E não foi
só o novo olhar que para outros campos me orientou; também as minhas energias
parece terem-me gradualmente abandonado, acentuando de forma notória a minha
deficiência e incapacidade. Já falta muito pouco para que, até a nível
profissional, seja decretado oficialmente o meu cansaço e a minha inaptidão
para o trabalho na Cidade.
Não nos retira, portanto, o Mestre, neste Seu trabalho de reconstrução
do nosso ser divino, as deficiências; dir-se-ia, pelo contrário, que precisa
cada vez mais delas e por isso as acentua, como se elas fossem o andaime que,
com o decorrer da obra, se vai desengonçando, esmurrando, enferrujando… Esta
aparente falta de cuidado com a estrutura exterior parece mesmo táctica do
Artista para que, perante o invólucro desprezível, os mirones não tenham a
tentação de espreitar para dentro e assim perturbem o trabalho, ou vejam ainda
imperfeita a beleza que no fim, inesperadamente os irá deslumbrar.
Torna-se assim a nossa aparência cada vez mais desprezível à medida que
se aproxima a Hora. Por isso nos vai o Senhor avisando, através desta e de
todas as outras Profecias do nosso tempo e também das dos tempos longínquos, de
que está já realizado muito daquilo que aos olhos carnais parecem promessas
incumpridas. Quando, de diferentes modos, o Mestre adverte que virá quando
menos O esperarmos, é a esta repentina manifestação da Sua Glória que Se
refere, quando num instante o andaime for retirado!
São 4:45!
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