- 11:12:07
O que há mais
neste mundo são pecados. É da Bíblia que o homem peca sete vezas ao dia, mas
nós multiplicámos o sete por setenta e agora não deixamos os nossos pobres
pulmões respirar devido à espessa cataplasma de pecados que tecemos sobre as
nossas cabeças. Cada norma configura uma transgressão, cada lei aponta um
crime, cada proposição doutrinária nos cobre a cabeça de pecados, cada código
moral nos povoa o horizonte de espectros acusadores, cada uma das grandes
instituições religiosas nos tapou o Céu, nos mutilou da nossa ilimitada
grandeza e nos pôs corcundas com o peso permanente de um céu fabricado por mãos
humanas, chato, maçudo, insuportável nos seus sermões deprimentes.
É, por isso,
bem verdade aquilo que esta noite a Senhora nos disse: nós chegamos ao ponto de
termos medo de ser felizes! Reparemos nas crianças: mal nascem, tornam-se o
centro de todas as atenções, crescem felizes nessa posição central e ninguém se
lembra de chamar vaidade ao seu ar permanentemente feliz. Reparemos agora em nós
adultos. Não consiste a nossa felicidade em sermos considerados importantes
pelos outros? E como poderiam eles considerar-nos importantes se não tivéssemos
de facto importância nenhuma? Mas se na verdade temos importância, que sentido
faz não a reconhecer? Porque chamamos nós então vaidoso àquele que se sente
feliz com a importância que de facto tem, para mais quando ela é reconhecida
por todos à volta? Gentes, nós fomos feitos para sermos felizes! Pecado grande
é imaginarmos Deus querendo-nos infelizes.
Sem comentários:
Enviar um comentário