- Maria, abençoa todo o prazer da nossa Carne. Que ele
seja o bálsamo para as nossas dores.
- É assim que vês o Povo do Senhor - gozando tranquilamente todo o prazer que a Carne
proporciona?
- Porque não? Sei que soa a sacrilégio esta pergunta,
mas é já com muita firmeza que a faço.
- Procura agora ouvir a Natureza inteira, ouve até atua
lógica e formula de novo a pergunta.
- Se Deus nos criou para gozarmos de todo o prazer que
o Universo nos haveria de proporcionar e se, consumada a Redenção, nós
sinceramente quisermos restituir todos os bens roubados ao seu Dono, porque não
havemos de poder gozar todo o prazer carnal possível?
- Tranquilamente!?
- Claro! Sem nenhum fiscal em nenhuma esquina a
pedir-nos contas da quantidade de prazer que gozamos, para sobre ele pagarmos
um qualquer imposto.
- Um prazer totalmente gratuito e inteiramente livre!?
- Sim! Sem uma névoa sequer, no horizonte.
- E isso pode realizar-se sem que a Cidade tenha sido
abolida?
- Eu ia dizer que só clandestinamente uma tal situação
poderia realizar-se.
- Ias dizer e não dizes?
- Acabo de observar o comportamento público de Jesus:
tudo o que disse e fez foi às claras e incentivou igualmente os Apóstolos a
executarem o que iam reconhecendo como justo e verdadeiro.
- Por exemplo?
- Por exemplo não mortificar a carne com jejuns.
- Jesus disse que eles haveriam de jejuar um dia…
- Claro! Jejuns impostos pela inveja e pela raiva da
Cidade.
- Por exemplo?
- Por exemplo prisões - jejum da Liberdade. Por exemplo acoites - jejum do bem-estar da Carne.
- Vejo que se trata de jejuns devidos justamente ao
comportamento público dos discípulos de Jesus.
- Assim é. Nunca ouvimos dizer que a primitiva Igreja
se tivesse imposto qualquer tipo de mortificação a si própria: todo o seu
sacrifício lhe foi imposto de fora.
- Ao abençoar o Prazer, Eu vou então provocar a Dor!?
- Com toda a certeza. Mas nós permaneceremos
tranquilos, sabendo que a nossa dor estará rasgando as estradas do Prazer…
São 8:30!
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