Condicionado pela nossa
capacidade de entender, Deus tem que adoptar frequentemente os nossos
conceitos, falar uma língua adaptada a cada situação, usar uma linguagem sempre
imprópria. Diz, por exemplo, que o Espírito “descerá”, que ele será “infundido”,
“derramado” em toda a Carne, adoptando o nosso conceito de que o Céu fica lá
para cima e o Inferno lá para baixo e de que portanto tudo quanto o Céu ou o
Inferno nos fazem vem de fora de nós, seja de cima, seja de baixo.
Ora, na verdade, não é assim. Esta
é a antiga visão geocêntrica, que a ciência não conseguiu ainda desarreigar da
nossa vida: nós continuamos a dizer que a luz do sol nos vem do alto, quando a
verdade é que nos vem do centro;
continuamos a supor a Terra muito grande e o sol apenas um “luzeiro”, muito
forte, mas bem pequeno, quando na verdade o Sol é o todo-poderoso governante de
todo o sistema solar, que com os seus braços fortes mantém a Terra rolando,
imperturbável, na sua rota, sem que ela sequer se aperceba da delicada ternura
deste abraço!… Eu próprio continuo envolvendo a Palavra de Deus nesta
linguagem, porque sinto que de outra forma não seria entendido e nem sequer
advirto muitas vezes em que, ao falar do Alto estou a falar do Centro, ao falar
de infusão estou a falar de “efusão”, ao falar em entrar estou a falar em
surgir de dentro, ao falar em Céu estou a falar na Habitação de Deus onde o Pai
mora, mesmo no Centro de nós!…
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