É missão das nossa Carne
restituir o prazer pleno a todas as criaturas, sujeitas, desde o Pecado, não só
à ausência do seu jardineiro e guardador mas, incompreensivelmente, à sua
contínua agressão. Na verdade, desde aquele trágico dia, não só nós deixámos de
ser a Imagem perfeita de Deus, mas igualmente o Paraíso deixou de o ser.
É, mais uma vez, necessário
que ouçamos agora finalmente, com toda a atenção, o que sabemos de cor: ao
ser-nos oferecido o Paraíso, o Criador deixou claro que, sem nós, ele se
degradaria e se perderia. Estava este
aviso implícito na missão que nos entregou, de o acarinhar e guardar. Mas nós
não só fizemos ouvidos moucos a esta missão, como nos pusemos a destrui-lo
sistematicamente. Esta cruel devastação parece impor-se hoje finalmente aos
nossos olhos, de forma indesmentível. Assim, a Harmonia inicial, que era nossa
missão conservar intacta, entrou em decomposição por estes dois crimes
imputáveis ao homem, apenas: por omissão e por acção perversa. Um tal
comportamento só parece explicável admitindo uma perda drástica da consciência
da nossa grandeza e felicidade originais. Foi justamente esta consciência que
Jesus veio despertar em nós. Precisou, por isso, de percorrer o caminho que
conhecemos. E precisou de pagar ao Diabo um resgate, porque na verdade nós Lhe
fomos sequestrados, já que, embora voluntariamente tivéssemos aderido ao
Projecto da Serpente, na verdade fomos por ela enganados. Podemos, portanto,
agora sair em liberdade. Mas o Diabo aposta em que não queiramos sair. É este o
Drama de Deus, desde o Calvário. Ele crê, no entanto, em que deixaremos a nossa
Carne ressuscitar, restaurando com ela a Carne do Universo…
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