Dois factos estranhos deverão ficar aqui
assinalados. Primeiro: ontem ao fim da tarde, depois de um ensaio na escola,
olho o meu relógio de pulso e vejo 1:44. No dia da semana tinha “sun” –
Domingo, e no dia do mês tinha 1. Perguntei as horas a um aluno. Eram 19:59 do
dia 14, quarta-feira. Ora o meu relógio já teve uma leve deficiência num dos
algarismos (que há muito desapareceu), mas nunca uma avaria destas. Estranhei
sobretudo o 1 do dia do mês, o Domingo, primeiro dia da semana e a imagem dos
algarismos principais, 1:44, que me remete para Pai-Luz e para estes Escritos .
Pode ter sido um problema de pilha, pode ter sido um problema qualquer
perfeitamente identificável pelos nossos sábios: para mim é um acontecimento
pleno de significado, que eu todavia ainda desconheço.
Segundo facto: ao observar agora há pouco,
no rádio-relógio, a hora a que acordei (1:03), ouvi ao mesmo tempo assim:
“Jeremias um, três”! É o que passo a destacar sem a mínima hesitação, como
mensagem recebida do meu Senho
Jer
1, 3 |
“Também lhe foi
dirigida no tempo de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do
décimo primeiro ano do reinado de Sedecias, filho de Josias, rei de Judá, até à
deportação dos habitantes de Jerusalém, no quinto mês”.
É este, aos olhos da nossa lógica, um caso
típico de citação perfeitamente aleatória. Torna-se ela assim um forte
argumento a favor daqueles que negam qualquer assistência especial do Espírito
nestes Escritos. Mas eu não desisto nunca de encontrar a Vontade do Senhor em
qualquer palavra da Escritura, por incompreensível que seja, por maior e mais
comprovada que seja a deficiência do meu ouvido. Ensinou-me o Mestre a
acreditar em tudo quanto Lhe peço e em tudo ou todos aqueles que me conduzem à
Sua Palavra. Lições profundas e eternas o Mestre me tem dado já com base em
estranhas citações, nomeadamente aquelas que remetem para capítulos e
versículos que nem sequer existem na Escritura. A duríssimas provas tem sido
submetida, nestes casos, a minha Fé, mas foi este o caminho escolhido pelo
Mestre para ma fortalecer e só assim abandonado nas Suas Mãos eu me sinto
verdadeiramente Seu discípulo. Escrevo neste momento, por exemplo, em condições
completamente adversas: tenho no espírito preocupações várias com o espectáculo
a realizar na escola, estou, como sempre, em posição muito incómoda para
escrever, tenho a cabeça pesada do sono, o coração tenho-o vazio de qualquer
emoção, a escrita sai-me lenta e penosamente, como parece óbvio em tais
circunstâncias. Contudo eu vou pedir ao Mestre que entre em diálogo comigo e
vou acreditar em todas as palavras que ficarem escritas como vindas d’Ele, seja
qual for o interlocutor!
– Mestre, estou, como vês, reduzido à mais
extrema miséria: não sinto nada, não posso nada; só gosto muito de Ti, isto eu
sei-o mais do que o sinto neste momento, e estou disposto a gastar por Ti todas
as minhas energias, até ao último alento de vida. Amo-Te muito, muito e
agradeço-Te o estares neste momento contrariando o que acabo de escrever, porque
Te sinto agora bem presente dentro de mim. Vem ajudar-me a dizer às pessoas que
são bem-aventurados os que acreditam sem ver, os que teimosamente Te procuram
sem Te ouvir, os que esperam ser curados sem Te tocar. Vês? Estou a chorar…
– Porque choras, Meu amigo?
– Não sei. Talvez porque há muito tempo Te
desejo ver e não Te vejo, ponho todo o meu ser alerta e não Te ouço, quero
tocar-Te para que me incendeies e quase sempre estou frio e tão longos tempos
ainda no meu dia me esqueço de Ti.
– E que queres de Mim, Meu querido amigo?
– Não sei. Não tenho plano nenhum meu
porque, com muita alegria, a todos renunciei para ficar pronto a executar o Teu
Plano, só o Teu! E na verdade quero só o que Tu quiseres. Eu quero-Te a Ti.
– Aumentaram as tuas lágrimas porquê, Meu
doce amigo?
– Só tu sabes. Talvez porque seja longo e
duro este Deserto, porque estou cansado e porque me sinto disforme e incapaz.
Talvez porque me pareça que não saio do sítio.
– Não saíste já da tua auto-suficiência?
– Acho que sim.
– Não tens a certeza?
– Não. Às vezes creio que me esqueço… Ainda
não sei desviar para Ti os elogios e as palmas que me dão.
– E queres dar-me isso tudo a Mim?
– Quero, Mestre, quero! Tenho uma ânsia
enorme de desaparecer em Ti.
– Sentes-te então caminhar para Mim?
– Isso sinto. Mas tenho ainda medo de ficar
a meio, e acho que ficar a meio, no Teu Caminho, não é possível: ou se chega a
Ti, ou se morre. E eu não quero morrer desta morte, a única morte verdadeira!
– Viste já tudo isso e sentes-te parado?
– É bem certo, Mestre: Tu tens sido um
espectáculo a ensinar-me. Mas é por isso mesmo que me sinto demasiado lento no
andar.
– Queres ser a Minha Luz para todos os que
são lentos no andar?
– Quero, Mestre. Eu quero o que Tu quiseres.
Mas assim retardas-me o dia de Te ver…
– Será, em compensação, a tua alegria muito
maior.
– Faça-se a Tua Vontade, Mestre, meu
extraordinário Amigo, meu doce Senhor, meu omnipotente Amor.
– E o texto que te trouxe hoje, tão azedo,
tão árido, não Mo rejeitas?
– Não, Mestre, eu tenho-Te dito muitas vezes
que Te levo até a Cruz, sempre que ma quiseres passar, para descansares.
– Foi o que estiveste fazendo até agora, não
notaste?
– Ah!
– Descansa, Meu menino.
São 4:06.
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