Levamos, a maior parte de nós, uma vida sem história. Permanecem na História meia dúzia de heróis em cada geração; o resto desaparece, sem deixar rasto! É muito pouco, para uma vida humana, esta insignificância a que a quase totalidade de nós somos reduzidos, durante o nosso percurso terreno - nisto concordamos certamente todos nós. Porque, esmagados debaixo do universal rolo compressor, que assim nos reduz a vida a este instante no conjunto dos séculos sem que ninguém de nós conserve a mais leve memória, nós sentimos, num pontinho muito fundo mas muito luminoso dentro de nós, que não fomos feitos para terminar assim.
Mas foi assim, exatamente, que
Jesus terminou. Nem sequer Lhe teriam valido os milagres que realizou: Ele
terminou a Sua história esmagado como um verme, sem que nada dela constasse a
partir da morte dos mais íntimos amigos. E que restaria da mãe do carpinteiro?
Obviamente nem um leve grão de pó, suspenso no ar.
Se não tivesse descido o
Espírito aos corações de todos quantos conheceram de perto a história destas
duas vidas.
Só o Toque do Espírito, como
língua de fogo que incendeie o rastilho, provocando logo de seguida a explosão
daquele pontinho luminoso, determinará a ressurreição de toda a nossa grandeza
esmagada sistematicamente ao longo do nosso percurso histórico. É esta a
verdadeira Ressurreição.
E todos nós vamos ressuscitar - quer para a glória, quer para a ignomínia. Reparemos
em que a própria ressurreição da carne de Jesus não bastaria para revelar a
grandeza do Amor presente na Sua vida histórica: os Apóstolos continuavam
agarrados aos seus mesquinhos projectos. Só o Espírito, pouco depois, fez com
que o carpinteiro Jesus ressuscitasse Deus. Como acontecerá connosco.
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